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Incêndios na Austrália podem agravar seca no Brasil, diz estudo

Pesquisa mostra como engrenagem do clima é complexa e interligada

Por Ernesto Neves 16 jun 2023, 10h04

A complexidade da dinâmica atmosférica faz com que a ciência climática avance lentamente, sempre desafiada por variáveis imprevisíveis. Nessa semana, um novo estudo demonstrou que os incêndios florestais que devastaram a Austrália, em 2019, podem ter agravado a seca que atingiu o Brasil nos meses seguintes.

Segundo o levantamento feito pelos pesquisadores Nan Rosenbloom e John Fasullo, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos, o prolongamento do La Niña, que durou entre 2020 e 2023, pode estar relacionado à intensa temporada de incêndios que a Austrália enfrentou três anos atrás. 

O estudo foi publicado pela revista científica Science Advances e mostra que os incêndios florestais  de 2020 produziram tanta fuligem que podem ter alimentado o início  do fenômeno, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico ao longo da costa do Peru e do Equador. 

Na América do Sul, o La Niña tem como principais efeitos a seca nos estados da Região Sul, sobretudo o Rio Grande do Sul, assim como na Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile.

Neste mês de junho, observa-se a formação do fenômeno contrário, o El Niño, que acontece quando há aquecimento das águas do Pacífico.

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Ainda de acordo com a dupla de cientistas, essas queimadas produziram emissões de dióxido de carbono em grande, comparável à de uma erupção vulcânica. 

O estudo afirma que a entrada da fumaceira na atmosfera produziu ampla formação de nuvens sobre o sudeste do Oceano Pacífico. Esse platô de nuvens absorveu a radiação solar, levando ao resfriamento das temperaturas das águas na superfície. 

Esse mecanismo, afirmam os cientistas, pode ter ajudado a desencadear o início de um padrão climático excepcionalmente intenso do La Nina.

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Os cientistas aplicaram uma modelagem para demonstrar como as emissões das queimadas podem mudar os padrões climáticos.

Isso porque a fuligem das queimadas acaba carregada de micropartículas que atuam como núcleos de condensação, atraindo moléculas de água na atmosfera. Esse fenômeno acaba produzindo nuvens carregadas.

Assim, a camada de nuvens  causou o resfriamento generalizado da superfície no Oceano Pacífico tropical, um dos principais ingredientes para desencadear do La Niña.

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Imagens de satélite captadas pela Nasa mostraram que a fumaça originada na Austrália cruzou aproximadamente 12.000 quilômetros até alcançar a América do Sul.

Essa fumaceira atingiu o Brasil durante a primeira semana de janeiro de 2020, alterando a cor do céu sobre o Rio Grande do Sul.

Segundo o pesquisador do clima Tom Mortlock, a fumaça afetou a formação de nuvens numa região do Pacífico que desempenha papel regulador no clima do globo.

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“O sudeste do Pacífico é uma área  sensível e importante para o que acontece com El Niño e La Niña. Muitas vezes vemos os primeiros sinais desses acontecimentos se formando naquela parte do planeta”, disse.

Fumaça de incêndios na Austrália cobre parte do Oceano Pacífíco
Satélite da Nasa mostra como fumaça de incêndios na Austrália cobre parte do Oceano Pacífíco (NOAA/Divulgação)
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