O Brasil enfrentará nos próximos dias uma das piores ondas de calor que se tem notícia.
Segundo informações divulgadas pelo site MetSul, as temperaturas devem atnigir 45 graus celsius ou mais em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Além disso, Tocantins, Bahia, Piauí e Espírito Santo também devem sofrer com dias acima dos 40 graus celsius.
De acordo com levantamento feito pelo Metsul, as máximas vão ficar até 15 graus celsius acima da média histórica em milhares de municípios do país, o que torna a atual onda um fenômeno sem precedentes.
Além a intensidade incomum, a onda de calor também será mais longa que o habitual, podendo se estender por até 14 dias, o dobro do considerado normal pelos climatologistas.
“O Centro-Oeste, o interior de São Paulo e pontos de Minas Gerais podem ter máximas em muitas cidades de 42ºC a 44ºC, mas com registros em algumas cidades tão altos quanto 45ºC a 46ºC ou mais”, diz trecho do alerta divulgado pelo MetSul.
“Trata-se, assim, de evento de calor muito fora do comum e potencialmente a onda de calor mais intensa a atingir o Brasil em máximas nominais desde o começo das medições meteorológicas no começo do século XX”, prossegue o instituto.
A atual onda que afeta o território nacional se insere numa série de fenômenos extremos que se abateram sobre o país nos últimos meses.
Desde o início de 2023, as temperaturas estão acima dos padrões históricos na quase totalidade do Brasil.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, outubro foi o quarto mês seguido de temperaturas sem precedentes.
No mês, as máximas estiveram até 6 graus celsisus acima da média histórica em metade do país.
A região Centro-Oeste é uma das mais afetadas pela escalada nos termômetros.
Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, a média máxima de outubro chegou a espantosos de 34,9ºC, 3,6ºC acima do esperado para essa época do ano.
Além da canícula, choveu só 18,6 mm na capital sul-matogrossense, quando o esperado era de 150,6 mm.
Situação ainda pior acontece em Cuiabá, no Mato Grosso, onde estações meteorológicas cravaram 39,4ºC de temperatura média máxima, seis graus acima do que se esperava.
Além disso, a capital teve 14 dias com temperatura acima de 40ºC somente em outubro.
Num dos dias de calorão, os termomêtros cravaram 44,2ºC, a maior temperatura já observada na cidade desde o começo das medições, em 1911.
El Niño ganha força
Além das mudanças climáticas, parte do calor que se abate sobre o Brasil e o mundo pode ser atribuído ao El Niño.
Fenômeno natural que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico ao longo da costa do Peru, o El Niño interfere no clima de todo o planeta, promovendo temporadas de calor anormal nos Hemisférios Norte e Sul.
Nesta semana, cientistas alertaram que o atual fenômeno, iniciado em julho, vem ganhando força e deverá ser um dos mais fortes que se tem registro.
É o que os climatologistas classificam como Super El Niño.
Nos últimos dias, a anomalia de temperatura do mar se elevou para 1,8ºC. Trata-se do maior valor semanal de anomalia informado pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), agência de clima do governo dos Estados Unidos.
Segundo a NOAA , trata-se do maior aquecimento nesta parte do Oceano Pacífico desde a semana de 9 de março de 2016, quando aconteceu o último Super El Niño.
Com isso, novos extremos de chuva e seca devem ser esperados no Brasil, acendendo o alerta para o verão.
Segundo o MetSul, temporais com volumes muito acima da média podem acontecer nos próximos meses na região Sul do país.
Também há risco de acumulados acima do normal em partes do Centro-Oeste e do Sudeste, principalmente no Mato Grosso do Sul e São Paulo.
No Norte, que sofre com a longa estiagem e as queimadas na floresta amazônica, a chuva deve seguir abaixo da média.
E no Nordeste, o instituto afirma que a seca pode se agravar nos primeiros meses de 2024.
O alerta da Nasa
Pesquisadores da Nasa, a agência espacial americana, elaboraram um estudo sobre as consequências de um aumento de 2 graus celsius na temperatura da Terra.
Esse cenário, segundo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, pode acontecer em 20 anos, caso os países não se comprometam com cortes drásticos nas emissões de gases do efeito estufa.
A pesquisa mostra que as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil estão entre as mais vulneráveis do planeta às mudanças climáticas.
Essa extensa faixa do Brasil, afirmam os pesquisadores, sofrerá com a falta de chuvas, a queda da umidade e o aumento das condições propícias para incêndios florestais de grande escala.