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Passado submerso: o salto da arqueologia marinha em 2022

Uma das descobertas mais importantes foi a localização, em março, do veleiro Endurance

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h58 - Publicado em 23 dez 2022, 06h00

Estimativas da Unesco, agência da ONU responsável por cultura, ciência e educação, mostram que há 3 milhões de naufrágios no fundo do mar. Em 2022, a arqueologia marinha deu um salto, com muitas descobertas surpreendentes. Uma das mais importantes foi a localização, em março, do veleiro Endurance, que há 108 anos levou o explorador britânico Ernest Shackleton e mais 27 homens para a Antártica. A embarcação de três mastros e 44 metros, que afundou em 21 de novembro de 1915, foi encontrada pela expedição Endurance22 a mais de 3 000 metros de profundidade, no Mar de Weddell, cerca de 4 milhas ao sul da posição registrada na hora do naufrágio.

Outro feito importante foi a identificação do Gloucester, uma fragata do século XVII que servia à família real britânica. Naufragado em 1682, levava 330 pessoas a bordo, das quais cerca de metade morreu. James Stuart, futuro rei James II, estava na embarcação e sobreviveu — ele acusaria o comandante da frota pelo episódio. As buscas começaram em 2003, mas o achado demorou a ser revelado porque era necessário checar a identidade do navio que jazia perto de Great Yarmouth, na costa inglesa.

Os mares estão agitados. Também em 2022, cientistas do Reino Unido localizaram, após um século de incertezas, os destroços do navio mercante britânico SS Mesaba que repousam no fundo do Mar da Irlanda. Por um triz, o Mesaba não salvou o Titanic de seu triste fim. A equipe de pesquisadores usou sensores de última geração que mapeiam o fundo do mar com precisão. Há mais: pouco tempo atrás, cientistas da agência ambiental inglesa encontraram uma embarcação do século XIX graças à utilização de veículos com capacidade de gravar imagens em altíssima definição. Depois, arqueólogos gregos lançaram mão da inteligência artificial para processar imagens de um sítio submarino e descobrir um navio romano de 2 000 anos chamado Fiskardo. A tecnologia foi o fator que fez desaguar a impressionante série de achados que repousavam no fundo do mar. O movimento, portanto, deverá prosseguir por longo tempo, e novos tesouros subaquáticos certamente serão retirados de seu sono profundo.

Publicado em VEJA de 28 de dezembro de 2022, edição nº 2821

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