Datas: Jane Birkin, Vanderlei Eustáquio e João Donato
A atriz inglesa, o centroavante mineiro e o ícone da bossa nova

E então ela veio ao mundo com sutileza e estardalhaço, ao costurar posturas improváveis de andarem juntas — sem roupa, diante das lentes do fotógrafo de moda do clássico Blow Up — Depois Daquele Beijo, de 1966, do diretor italiano Michelangelo Antonioni, a atriz inglesa Jane Birkin logo atraiu olhares e atenções. Era como a bossa nova misturada com rock. Numa viagem para Paris conheceu o cantor e compositor Serge Gainsbourg. Juntos, em aliança profissional e sentimental, formaram um par como John e Yoko, ainda mais ruidoso. As canções de Gainsbourg interpretadas por Jane em francês com sotaque britânico viraram o símbolo de um tempo de provocações, o final dos anos 1960 e os 1970. Não por acaso, Je T’Aime Moi Non Plus, balada de 1969, foi condenada pelo Vaticano e censurada pela ditadura militar no Brasil, com os gemidos e sussurros a emoldurar a linda melodia e a letra quase ingênua (“ó, meu amor, você e a onda, eu e a ilha nua”). Dada a fugir dos estereótipos, porque não queria ser apenas um rosto bonito e uma voz agradável, Jane se especializou em confundir, mais do que explicar. Quando se imaginava que representasse a contracultura, associou-se à grife Hermès na criação de um objeto cultuado, as bolsas de mão Birkin. Ela morreu em 16 de julho, aos 76 anos, em Paris, de causas não reveladas pela família.
O craque de três corações

São raros os jogadores capazes de fazer história, e virarem ídolos, de mais de um time de futebol. O centroavante mineiro Vanderlei Eustáquio de Oliveira, o Palhinha, fez fama e glória em três clubes — o Cruzeiro, o Corinthians e o Atlético-MG. Pela Raposa, foi artilheiro e campeão da Libertadores de 1976. Pelo Timão, foi uma das estrelas do título paulista de 1977, após 23 anos de fila — depois, ao lado de Sócrates, faria uma dupla carismática. Pelo Galo, chegou ao vice-campeonato brasileiro de 1980. Palhinha atuou ainda no Santos, Vasco e América-MG antes de se tornar treinador. Ele morreu em 17 de julho, aos 73 anos, em Belo Horizonte, de infecção generalizada.
A paz de um artista incomum

Foi o próprio João Donato, nascido no Acre e radicado no Rio de Janeiro, quem definiu a si mesmo, numa entrevista recente: “Não sou bossa nova, não sou samba, não sou jazz, sou tudo ao mesmo tempo”. Ao misturar estilos musicais, preferencialmente ao teclado de um piano ou de um acordeom, compôs melodias delicadas que, em alguns casos, demorariam décadas para ganhar letra. Alguns de seus clássicos: A Rã, Até Quem Sabe, Bananeira, Lugar Comum e A Paz, em parceria com Gilberto Gil. Donato morreu em 17 de julho, aos 88 anos, no Rio de Janeiro, de causas não reveladas pela família.
Publicado em VEJA de 26 de julho de 2023, edição nº 2851