Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

#43 O FUTEBOL: Gloriosos holandeses

Com a Laranja Mecânica, de 1974, os contemporâneos de Johan Cruyff influenciaram os times modernos

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h09 - Publicado em 21 set 2018, 07h00

A eternidade de Pelé foi construída de 1958 a 1970, do primeiro ao terceiro título mundial do Brasil. Dali para a frente, dos anos 1970 até agora, o Pelé mais influente foi outro: Johan Cruyff (1947-2016). Dos seus pés, no Ajax de Amsterdã, no Barcelona da Espanha e na seleção holandesa que encantaria o mundo com o vice-­campeonato de 1974, nasceu o futebol de hoje. De mãos dadas com o treinador Rinus Michels, Cruyff (pronuncia-se Cróif) pôs em prática uma concepção de jogo ancorada na ocupação de todos os espaços, na antecipação e na velocidade, no desrespeito voluntário às posições no gramado, num misto de balé e guerra.

A Laranja Mecânica, como ficou conhecida a seleção holandesa de 1974, movimentava-se como um batalhão, cercando os adversários, adiantando-se em bloco para deixar os atacantes impedidos, como se vê na foto abaixo. Daquela ideia revolucionária do “futebol total”, brotaria o estilo hegemônico das atuais equipes vencedoras, de posse de bola, muita posse de bola, de intensa troca de passes — embora, ressalve-se, a Copa da Rússia talvez tenha selado o início do fim dessa regra. As três seleções que mais ficaram com a bola — a Alemanha, a Argentina e a Espanha, todas com mais de 64% — saíram cedo do torneio. A campeã, a França, ficou no 18º lugar em possessão. Mas é cedo para decretar o fim de um tempo, que o digam os times treinados por Pep Guardiola, o mais refinado discípulo de Cruyff, que depois de pendurar as chuteiras fez fama e sucesso como treinador.

Deu-se, com os holandeses, o nascimento de outro modo de enxergar o futebol — o esporte como carbono de uma sociedade. Costuma-se associar o futebol brasileiro à irreverência de um Garrincha macunaímico. Talvez nunca tenha sido assim, e certamente não o é nos dias de hoje. O escritor britânico David Winner esgrime uma tese que ajuda a entender por que o “futebol total” é uma bela ideia — gloriosamente holandesa — de nosso tempo. Diz ele: “Ao reinventarem o jogo como uma competição de controle do espaço, Cruyff e Michels estavam inconscientemente recorrendo à cultura nativa. Durante séculos, o povo da Holanda havia encontrado formas inteligentes de pensar, explorar e controlar um território pequeno, de terras lotadas e ameaçadas pelo mar. É sensibilidade que aparece nas telas de Vermeer, Saenredam e Mondrian, na arquitetura e, finalmente, também no futebol”.

Publicado em VEJA de 26 de setembro de 2018, edição nº 2601

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.