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Fones de ouvido contribuem para a perda da audição em jovens

Segundo o Conselho Federal de Fonoaudiologia, o uso frequente de fones de ouvido para ouvir música muito alta contribui para problemas de audição

Por Da Redação
Atualizado em 10 nov 2017, 19h40 - Publicado em 10 nov 2017, 14h56

A cada dia, mais jovens estão apresentando perda de audição causada pelo uso irregular de fones de ouvido. O alerta é feito pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa). “Os adolescentes usam esse equipamento de som com volume muito alto. A gente vem notando que a audição deles não é tão normal como antigamente, já tem mais perda. E se continuar a usar esse som alto, eles terão uma perda irreversível, não volta mais ao normal”, disse Thelma Costa, presidente do CFFa.

Segundo ela, as perdas auditivas por causa de ruído estão aumentando entre a população, tanto por ruído industrial quanto por equipamentos de som. Ela cita como exemplo o caso dos músicos, lembrando que existem protetores auditivos que selecionam o som. “Então, eles conseguem seguir com a profissão e estão se prevenindo, o que não acontece com os adolescentes.

Monitorar e baixar o volume

Os pais e responsáveis podem minimizar os riscos ao  monitorar o volume dos fones de ouvido dos filhos. “Se você estiver a 1 metro da pessoa e ouvir o que ela está escutando, ela provavelmente terá uma perda de audição. A essa distância, você não deve ouvir o que a pessoa está escutando no fone de ouvido”, reforçou Thelma, que é especialista em audiologia.

A orientação é baixar o volume. Segundo ela, já houve uma proposta de projeto de lei no Congresso Nacional para que esses equipamentos tenham controle máximo de volume, mas ele não foi aprovado. Outra recomendação do Conselho é que as escolas pensem melhor na estrutura das salas de aulas, para que sejam construídas em locais mais silenciosos ou com melhor acústica.

Causas e prevenção

Nesta sexta-feira é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez. Segundo o CFFa, muitas das situações que podem causar problemas de audição são preveníveis. Thelma explica que as causas para a perda de audição dependem da fase da vida. Os bebês, por exemplo, podem nascer com deficiência auditiva por problemas na gestação, quando a mãe é usuária de drogas, teve sífilis ou rubéola durante a gravidez, ou problemas no parto. “Por isso é importante fazer o teste da orelhinha na maternidade, para saber se nasceu surdo ou não e intervir, se necessário”, disse.

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No caso das crianças, as otites devem ser tratadas com cuidado e a vacinação deve estar em dia. Doenças como meningite e caxumba podem causar perda de audição, por exemplo, e há vacinas disponíveis na rede pública. No caso dos adolescentes, além do uso irregular dos equipamentos de som, há o risco das patologias acometidas nas crianças.

Por outro lado, há causas que não são preveníveis, com otosclerose, acidente vascular cerebral e perdas progressivas causadas pela idade.

Tratamento

Para quem tem alguma perda de audição, o uso de aparelhos auditivos é a melhor forma de correção. Segundo Thelma, qualquer pessoa com perda leve, dependendo da necessidade, pode utilizá-lo. Não é mais necessário ter uma perda grave para ser um paciente potencial ao uso do dispositivo. “Mas o uso do aparelho não previne a progressão da perda de audição. A prevenção, no caso de exposição a ruído, é parar de se expor, então aquela perda estaciona, mas não melhora”, ressaltou.

Segundo a presidente do CFFa, a tecnologia de aparelhos auditivos melhorou muito ao longo do tempo, e hoje eles podem até ser implantados dentro do ouvido. Entretanto, mais importante que a amplitude do som é a qualidade desses equipamentos. “Antigamente se colocava o aparelho e ele aumentava o som. O paciente escutava, mas continuava sem compreender. Hoje é como se aumentasse o volume com um som estereofônico muito melhor. O paciente ouve e tem uma qualidade sonora muito boa”, disse.

Preconceito, debate e inclusão

Neste ano, o tema da redação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi exatamente “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Thelma discorda da argumentação principal de que o aluno do ensino médio não tem conhecimento para discorrer sobre o tema. Ela acredita que a inclusão deveria ser debatida por todos, inclusive porque o deficiente auditivo faz parte da comunidade escolar, assim como qualquer pessoa com deficiência.

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As questões da inclusão e do preconceito devem ser debatidas não só nas escolas, mas em toda a sociedade, pois pessoas com perdas profundas de audição precisam ser compreendidas em todos os lugares.

“Os desafios são vários, porque existe a questão da formação do professor. O aluno, seja surdo ou com qualquer deficiência, é colocado na sala de aula, mas não é incluído, muitas vezes porque o professor não tem formação para incluir. É muito mais fácil incluir pessoas com deficiência física, mas com relação ao surdo, é preciso ter um intérprete e uma maneira diferente de dar aula. É um desafio, sim, e muitos professores terão que saber lidar com a educação do surdo”, disse.

O preconceito existe ainda na própria pessoa com deficiência auditiva. “A primeira pergunta que ela faz é se o aparelho vai aparecer. Como se, desaparecendo o aparelho, desaparece o problema. Isso é preconceito da própria pessoa. E a gente pergunta: ‘Mas você usa óculos? Qual é a dificuldade e a diferença?'”, acrescentou a especialista.

(Com Agência Brasil)

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