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Os riscos do pedido de Obama para guerra contra o EI

Proposta dá amplos poderes ao presidente para intervenções militares e não acaba com autorização de 2001, usada até hoje para justificar 'guerra sem fim'

Por Da Redação
11 fev 2015, 22h24

Ao enviar ao Congresso nesta quarta-feira um pedido de autorização de guerra contra o Estado Islâmico, o presidente Barack Obama renovou o debate sobre o escopo dos poderes que devem ser dados ao comandante-em-chefe dos Estados Unidos. Embora a proposta apresentada pelo democrata inclua limites como o período de três anos para a campanha militar, o documento levantou discussões sobre textos que concedem autorização para uma “guerra sem fim”.

O especialista em segurança Steve Vladeck defendeu, em um artigo publicado pela agência Reuters, que a proposta deve incluir o fim da autorização para a guerra no Afeganistão, emitido em 2001, e ainda hoje usado para respaldar ações militares.

“Um estatuto específico para o Estado Islâmico que deixe intocável a autorização de 2001 não fará nada para resolver os bem documentados problemas que este provocou. Entre eles um estado debilitante de guerra perpétua, autoridades legais confusas, supervisão legislativa reduzida e ausência de deliberação pública referentes a novas operações militares significativas”, advertiu Vladeck.

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O jornal The New York Times também vê como problemática o uso de uma autorização de 14 anos atrás, “considerando que a administração Obama se apoiou naquela legislação para iniciar ataques que estavam muito além do escopo do que os congressistas autorizaram à época”. De fato, o Estado Islâmico nem ao menos existia em 2001, mas os ataques aéreos contra o grupo terrorista foram calcados no antigo texto. O jornal lembra que em uma carta enviada ao Congresso nesta quarta defendendo a autorização de guerra, Obama reiterou sua intenção de “aperfeiçoar e, por fim, revogar” o estatuto. “Ele deveria ir além e estabelecer uma data para sua expiração”.

‘Poderes irrestritos’ – Mesmo afinado com o presidente, o NYT criticou também os parâmetros estabelecidos na proposta de Obama, considerados de uma amplitude “alarmante”. “Se o texto da Casa Branca prevalecer, ele dará virtualmente poderes irrestritos para realizar ataques ao redor do mundo bastando que seja encontrada uma conexão, mesmo tênue, com o Estado Islâmico”.

O texto não limita o campo de batalha à Síria e ao Iraque, onde o grupo terrorista tem pregado a criação de um califado. Pede permissão para atacar “forças e pessoas associadas” ao EI, “um termo que parece ser excessivamente expansivo e que pode reduzir a declarada intenção de Obama de limitar a autorização”, como apontou o NYT.

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O diário britânico Financial Times também chamou a atenção para esse trecho da solicitação, dizendo que ‘pessoas e forças associadas’ já foram mencionadas no passado “para justificar operações contraterroristas contra diferentes grupos”. O jornal vê como ponto positivo a previsão de que o próximo presidente tenha de voltar ao Congresso em 2018 para justificar ou mudar a campanha militar, impedindo o engajamento no que foi classificado como “operações ofensivas duradouras de combate terrestre”.

No momento em que a Casa Branca também debate a possibilidade de enviar armas à Ucrânia, Obama espera alcançar apoio bipartidário no Congresso para uma campanha militar no Iraque e na Síria que deve demorar anos e pode rapidamente se tornar politicamente impopular. O risco, alerta o FT é o texto desagradar tanto a republicanos, que querem uma estratégica mais agressiva contra o EI, como a democratas, preocupados com uma nova guerra sem fim contra o terrorismo islâmico.

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