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Policial: “Após despedida e tiro, decidimos invadir”

Comandante do Gate, grupo de elite da PM, é a penúltima testemunha arrolada pela defesa a prestar depoimento, no segundo dia de julgamento; expectativa é em relação à fala do réu, Lindemberg Alves - sem data definida

Por Carolina Freitas, de Santo André
14 fev 2012, 20h10

O capitão Adriano Giovanini, comandante do Grupo de Ações Táticas da Polícia Militar (Gate), afirmou em depoimento nesta terça-feira que dois fatores foram essenciais para que a polícia decidisse invadir o apartamento da família da jovem Eloá Pimentel, em Santo André, no ABC paulista, em outubro de 2008: um telefonema de Lindemberg, em tom de despedida, e um disparo efetuado no interior do imóvel. Giovanini comandou as negociações.

O policial ressaltou que, por estar em uma viatura de resgate no térreo do prédio, não ouviu o tiro disparado dentro do apartamento – que, na versão da polícia, ocorreu antes da explosão, no desfecho do sequestro de Eloá e de seus amigos. Ele acrescentou que foi comunicado imediatamente do disparo.

“No final, o Lindemberg começou a fazer uma despedida. Ele disse que eu tinha sido bom com ele, que o tratei como homem e que, por isso, ele não queria que eu assumisse o que aconteceria daí em diante. Com todo esse prenúncio e um disparo, decidimos invadir”, contou.

Perfil – O policial afirmou que foi possível traçar um perfil de Lindemberg: alguém que quer matar alguém, mas não tem coragem. “Ele só estendeu o sequestro porque precisava que ‘batesse’ nele a coragem para cometer o homicídio de Eloá. Pelo seu perfil dele, não achamos que teria coragem para se matar.”.

O depoimento de Giovanini foi o mais longo até agora – durou quase quatro horas – por causa dos questionamentos da advogada de Lindemberg Alves, Ana Lúcia Assad. Ela perguntou várias vezes por que a polícia não decidiu invadir o local antes, já que houve outros disparos. O PM explicou que, de fato, houve um tiro acidental de espingarda, mas acrescentou que certificou-se de que nada tinha acontecido aos reféns.

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A decisão de invadir o local, prosseguiu o capitão do Gate, foi tomada porque a polícia não encontrou alternativa – era uma situação extrema. Uma entrada pelo telhado, por meio de rapel, chegou a ser cogitada, mas foi descartada devido aos riscos – Lindemberg estava muito irritado.

Foi então que os agentes usaram a quantidade de explosivos suficiente para rachar a porta ao meio, para que eles pudessem ver o sequestrador e atirar nele. Uma barricada atrás da porta era esperada.”Já estava pré-determinado que se houvessse um tiro no interior do apartamento, a polícia invadiria”.

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Nayara – O policial detalhou o momento em que Nayara Rodrigues da Silva voltou ao cativeiro – um dos pontos mais controversos da operação de resgate. Ele responsabilizou a própria jovem pelo retorno e disse que tanto ela quanto o irmão mais novo de Eloá, Evérton Douglas, tinham sido exaustivamente orientados a não ultrapassar um certo ponto para não correr risco.

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Mas a polícia não contava com a possibilidade de ela não obedecer à ordens. Chegou a ser cogitado que Nayara fosse agarrada pelos policiais no apartamento ao lado, mas isso traria risco de tiroteio e ela poderia ficar no meio do fogo cruzado.”Nayara passou do ponto combinado e começou a andar sozinha. Ela saiu do alcance dos policiais”.

Segundo ele, a intenção dos responsáveis pela ação era usar Douglas e Nayara como ferramentas de negociação. O combinado, explicou, era que Lindemberg encontraria com eles naquele ponto e todos desceriam juntos para o térreo. “Queríamos usar a credibilidade que eles tinham com Lindemberg a favor da polícia”.

Imprensa – Durante o depoimento, a advogada Ana Lúcia Assad insistiu muito para saber se as entrevistas que Lindemberg concedeu à imprensa interferiram no trabalho da polícia. Desde o início do julgamento, ela insiste na tese de que a imprensa e a polícia são corresponsáveis pelo desfecho trágico do episódio. A defensora teve pelo menos seis perguntas indeferidas pela juíza Milena Dias porque incluiriam a opinião do capitão do Gate. Ela demonstrou irritação e tentou por diversas vezes reformular perguntas, sem sucesso.

A única vez que Ana Lúcia conseguiu formular uma pergunta sobre a atuação da imprensa foi quando indagou a respeito da entrevista de meia hora que deu para a jornalista da RedeTV Sonia Abrao. A polícia, segundo o capitão do Gate, tentou contato com Lindemberg para interromper imediatamente a entrevista, mas o réu não atendeu. O Gate também fez uma solicitação à chefia da PM, por meio do setor de Relações Públicas, para entrar em contato com a emissora.

A polícia tentou limitar o contato de Lindemberg com outras pessoas cortando o telefone fixo e a engergia elétrica do apartamento para que ele não recarregasse o telefone celular. Porém, de acordo com Giovanini, no momento em que Nayara foi libertada, ficou acertado que a energia elétrica seria religada. Nesse momento, imagina o policial, Lindemberg conseguiu recarregar o celular. Foi oferecido ao acusado um telefone de emergência para falar diretamente com a polícia, sem interrupções, mas Lindemberg recusou.

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Após a fala do comandante do Gate, resta ouvir a última testemunha arrolada pela defesa: Paulo Sérgio Squiavo, tenente do Gate. A grande expectativa é em relação ao depoimento de Lindemberg Alves. Os dois falarão ao júri nesta quarta-feira.

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