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Delegado: frase de Lindemberg foi ‘grito final’ para invasão

Sérgio Luditza, responsável pelas investigações sobre a morte de Eloá Pimentel, prestou depoimento no segundo dia do julgamento em Santo André

Por Cida Alves e Carolina Freitas, de Santo André
14 fev 2012, 18h15

O delegado da Polícia Civil Sérgio Luditza, responsável pelas investigações da morte da jovem Eloá Pimentel, afirmou, em depoimento nesta terça-feira, que uma frase dita pelo acusado, Lindemberg Alves, funcionou como uma espécie de senha para que o apartamento da família fosse invadido pela polícia. Segundo ele, o ex-namorado de Eloá disse que havia um “anjinho e um capetinha” dizendo o que ele deveria fazer e que “o capetinha estava vencendo”. “Tudo caminhava para a soltura dos reféns”, afirmou o delegado. “A frase foi o grito final de que ele passaria para ação.”

O capitão Adriano Giovanini, comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar (Gate), também prestou depoimento nesta terça. Ele comandou as negociações. O policial contou que a situação tinha características passionais, em que há uma ação premeditada por parte do agressor para ficar sozinho com a vítima. “Geralmente, a negociação num caso como esse é muito difícil”, declarou.

Giovanini também foi indagado sobre o fato de Nayara Rodrigues da Silva ter voltado para o cativeiro, embora tivesse sido liberada. Segundo ele, isso não estava nos planos dos negociadores. “Ela avançou mais do que deveria por um excesso de confiança, achava que poderia resolver a situação”, afirmou. Segundo ele, a polícia não interveio porque achava que poderia haver conflito. Perito – Mais cedo, o perito Hélio Rodrigues Ramacciotti, responsável pelos trabalhos de polícia científica no caso Eloá, disse que não foram encontrados no apartamento onde a adolescente de 15 anos foi morta indícios ou evidências de tiros de pistola de calibre ponto 40, usadas pela polícia de São Paulo. A defesa de Lindemberg tem feito ilações de que o tiro que feriu Nayara Rodrigues e matou Eloá poderia ter partido da arma dos policiais que invadiram o apartamento durante o desfecho do sequestro. O perito, que também é atirador e especialista em armamento, disse que há uma “diferença brutal” entre os dois tipos de arma. Os projéteis têm tamanho e massa distintos e o impacto da ponto 40 é muito superior ao do revólver calibre 32. “Se o disparo fosse de uma ponto 40, Nayara não estaria viva”, afirmou Ramacciotti. Jornalistas – Dois jornalistas da TV Bandeirantes, Rodrigo Hidalgo e Márcio Campos, prestaram depoimento nesta terça-feira, segundo dia do julgamento do caso Eloá, no Fórum de Santo André, no ABC paulista. Os dois acompanharam por quatro dias o sequestro da jovem assassinada aos 15 anos, em outubro de 2008, mas nenhum dos dois entrevistou Lindemberg Alves na ocasião.

Ambos disseram ter ordem da direção da emissora para que não tentassem contato com nenhum dos envolvidos enquanto não houvesse um desfecho do crime. “Não é função da imprensa tentar falar com sequestrador. Esse papel é da Polícia Militar”, disse Rodrigo Hidalgo. Os profissonais, no entanto, disseram ter conhecimento de entrevistas feitas por colegas com Lindemberg. “Não identifiquei nas entrevistas dos colegas manifestações de agressividade de Lindemberg e nem qualquer provocação ou xingamento por parte dos jornalistas em relação ao réu”, afirmou Campos.

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Ele também disse ter ficado impressionado com a frase citada pelo delegado Luditza. “Lindemberg estava disposto a fazer algo trágico”, afirmou.

A defesa de Lindemberg arrolou Hidalgo e Campos como testemunhas. A advogada do réu, Ana Lúcia Assad, quis saber detalhes a respeito da rotina do trabalho dos jornalistas nas proximidades do apartamento da familia de Eloá. A defesa quis saber a que distância os jornalistas estavam do local e se tinham visto Eloá e Nayara na janela. Eles confirmaram ter visto Eloá algumas vezes e a advogada quis saber se ela sorriu.

“Doutora, eu me recordo apenas de Eloá desesperada e chorando na janela”, respondeu Rodrigo Hidalgo. Ele chegou ao local no dia seguinte ao início do sequestro.

A Promotoria entendeu que os depoimentos dos jornalistas foram harmoniosos e mais úteis para a acusação do que para a defesa – que tem seguido a estratégia de tentar mostrar que a imprensa e a polícia seriam corresponsáveis pelo crime – já que demonstraram que o acusado já estava nervoso antes da imprensa chegar e que não alterou seu comportamento depois de dar entrevistas.

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