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Para a polícia, massacre no Rio é produto da insanidade, não de fanatismo religioso

Delegacia de Homicídios começa a reconstituir os passos do assassino de Realengo. Para delegado, menções a religião não explicam a tragédia

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 abr 2011, 16h39

“Não há qualquer alinhamento de raciocínio nas ações e nas manifestações de Wellington. Era uma pessoa com viés de doença mental. Era muito introvertido e se manifestava com certa incoerência”, disse o delegado Felipe Ettore

A investigação da tragédia na escola Tasso da Silveira tentará explicar o inexplicável: o que levou Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno da instituição, a decidir invadir salas de aula e assassinar uma dezena de crianças. É certo que o crime não se enquadra nos problemas conhecidos e freqüentes de segurança pública no Rio de Janeiro, mas, ainda assim, há uma contribuição fundamental dos policiais para o caso. A eles cabe responder, agora, onde e como o assassino obteve armas e farta munição; quem pode ter ajudado nessas tarefas; que grupos e que influências podem ter contribuído para que, em silêncio, fosse moldado um criminoso frio e capaz de uma violência sem precedentes na história do Brasil.

No primeiro dia de aula na 7ª série, Wellington foi vítima de chacota

Os depoimentos e pistas reunidos nas primeiras 24 horas após o massacre levam a Polícia Civil a caminhar em uma direção: a de que a monstruosidade de Wellington se enquadra no campo da insanidade mental, não no de questões religiosas, fundamentalismo ou qualquer causa identificável. “Não há qualquer alinhamento de raciocínio nas ações e nas manifestações de Wellington. Era uma pessoa com viés de doença mental. Era muito introvertido e se manifestava com certa incoerência”, explicou, na manhã desta sexta-feira, o delegado da Divisão de Homicídios do Rio, Felipe Ettore.

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Segundo o delegado, os depoimentos de familiares e de pessoas que conhecerem Wellington apontam para indícios de problemas mentais. “Ele cortava o cabelo no mesmo lugar, com uma regularidade fixa, em intervalos de cerca de 30 dias. Usava sempre calça comprida e camisa para dentro da calça. Ele era recluso, e ficou ainda mais isolado depois da morte dos pais adotivos. Ele apresentava comportamento repetitivo e os depoimentos de familiares confirmam esses sinais de patologia mental”, diz Ettore.

Os revólveres utilizados por Wellington Menezes de Oliveira no dia do massacre de Realengo
Os revólveres utilizados por Wellington Menezes de Oliveira no dia do massacre de Realengo (VEJA)

Apesar dos sinais de que Wellington pode ter recebido treinamento para usar as armas, Ettore não crê em uma preparação mais elaborada. “O revólver 38 é de fácil manuseio, não requer treinamento especializado. A forma de recarga é simples”, explica.

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É inegável que, a seu modo, Wellington se preparou. Na Delegacia de Homicídios foram apresentados os dois revólveres, o cinturão e algumas das cápsulas. A polícia estima que ele tenha recarregado esta arma cerca de nove vezes. Wellington deu 66 tiros. Ainda poderia disparar entre 23 vezes – ou seja, ele levou para a escola, na bolsa que transportava e nos carregadores, 89 balas, quantidade planejada para uma matança de grandes proporções.

O revólver calibre 32 foi menos usado. A explicação, para Ettore, reside no fato de que, para usar o carregador, ele precisava das duas mãos. “Nesse momento, ele guardava a arma de calibre 32”, disse.

Wellington sacou os dois revólveres assim que entrou na sala onde começou a atirar. Ele havia passado pela biblioteca, onde falou com a professora Dorotéia. Ao entrar nesta segunda sala, Wellington, pelos relatos das crianças, anunciou que daria uma palestra e começou a atirar, com as duas mãos. A maioria dos disparos, segundo a polícia, atingiu a cabeça ou o tórax das vítimas.

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Apesar de dez das 12 vítimas serem meninas, Felipe Ettore não crê que o assassino tenha selecionado as vítimas. “Os disparos foram aleatórios, sem escolha de alvos”, afirmou, informando que, para a polícia, por enquanto é apenas coincidência o número maior de meninas entre os mortos.

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