Justiça recusa pedido para declarar morte de Amarildo
Família de pedreiro desaparecido no Rio tenta obter declaração para cobrar indenização do governo do estado. Advogado pretende recorrer da decisão
A Justiça do Rio negou nesta terça-feira o pedido da família de Amarildo Dias de Souza, de 43 anos, para declarar a morte presumida do pedreiro, desaparecido desde 14 de julho. Amarildo sumiu depois de ter sido conduzido por policiais militares de sua casa até a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. O objetivo da família, que enfrenta dificuldades financeiras, era requerer uma pensão ao estado do Rio.
Na sentença, o juiz Luiz Henrique Oliveira Marques, da Vara de Registro Público, escreveu que “o desaparecimento teria ocorrido quando Amarildo se encontrava em poder de agentes do estado, o que, por si só, não geraria perigo de vida”. “Não foi noticiado qualquer confronto armado, perigo real que justifique a declaração de morte presumida do mesmo.” O advogado João Tancredo, que representa a família, disse que recorrerá da sentença.
Professores em greve protestam na prefeitura do Rio
Amarildo tornou-se um dos símbolos dos protestos no Rio, iniciados em junho e que, até hoje, resistem com acampamentos no Leblon, na Câmara Municipal e no antigo Museu do Índio, ao lado do Maracanã. Policiais militares são os principais suspeitos do desaparecimento do pedreiro, mas a Polícia Civil também investiga a possibilidade de traficantes terem assassinado a vítima, para jogar a culpa sobre PMs.
A Justiça do Rio também determinou que as corregedorias da PM e da Polícia Civil tenham acesso aos documentos da investigação sobre o tráfico na Rocinha na qual constam gravações telefônicas que citam Amarildo. Em uma delas, um homem, supostamente um traficante, afirma ter matado o homem chamado de “Boi” – apelido de Amarildo, segundo a polícia.
(Com Estadão Conteúdo)
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