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Beltrame admite que existem PMs corruptos no Rio

Reportagem de VEJA desta semana revelou que o traficante Playboy, o mais procurado do país, só vive em liberdade porque paga propina a policiais

Por Leslie Leitão 9 fev 2015, 20h19

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, admitiu que existem policiais corruptos no Rio de Janeiro e desafiou quem souber de casos concretos de pagamento de propina a denunciá-los. As declarações de Beltrame foram dadas em resposta a uma reportagem de VEJA sobre o traficante Playboy, o bandido mais procurado do Brasil. Na reportagem, publicada na edição da revista desta semana, o traficante da Zona Norte do Rio se recusa a falar de pagamento de propina – o chamado arrego – e diz que não entrega “polícia que é homem comigo”. Contudo, VEJA apurou com outras fontes – inclusive com acesso a escutas telefônicas de inquéritos da Polícia Civil – que o traficante só está solto por pagar propina sistematicamente a PMs que patrulham a região. O valor, em média, é de 3.500 reais por dia, somando mais de 100.000 mensais. Num outro episódio, ocorrido no ano passado, Playboy e sua quadrilha tiveram de entregar 648.000 reais a policiais que o capturaram e o mantiveram em seu poder. Além do dinheiro em espécie, a liberdade do traficante da Zona Norte custou 4,5 quilos de ouro – o peso das correntes dos bandidos depositadas sobre uma balança – e dois fuzis AK-47. Noutra ocasião, ele desembolsou 400.000 reais para livrar seu braço-direito e outros 300.000 para que soltassem o motorista.

Em sua entrevista exclusiva a VEJA, o traficante, que atua em algumas das favelas mais miseráveis do Rio de Janeiro a partir do Morro da Pedreira, disse que pensa em se entregar. O secretário de Segurança, porém, descarta qualquer possibilidade de negociação. “Essas ações que ele já está fazendo podem ser uma forma dele se esquivar do que tanto deve para a sociedade. Não devemos valorizar isso. O que vamos fazer é prendê-lo e um monte de gente que merece ser presa. Não vamos fazer dessas pessoas mito e muito menos um troféu. Prendemos o Nem (da Rocinha), o Fabiano (da Vila Cruzeiro), fomos buscar o Marreta (do Alemão) no Paraguai. Esse cara vai ser preso e a vida vai continuar”, diz Beltrame. Playboy está foragido desde 2009.

Apesar de se recusar a falar sobre pagamentos de propinas, Playboy admitiu o episódio do roubo das motos, na noite de 31 de dezembro do ano passado, quando o depósito do Departamento de Transportes (Detro) foi invadido e quase 200 motos foram levadas. “Nesse dia das motos eu nem estava aqui no morro, mas a polícia já arrumou alguém para dizer que me viu mandando pegar moto e que era presente de Natal. Falaram na mídia que eu fui lá, enquadrei (rendeu), coloquei crianças e mulheres na frente. Pra que vou querer roubar essas 200 motos?” O traficante prossegue: “Eu poderia comprar, se quisesse. E quem me conhece sabe que se tivesse sido eu, jamais devolveria. Realmente foram os garotos aqui do morro que pegaram e depois eu fui saber. Tinha morador, tinha bandido, foi uma zona. Então eu mandei devolver na hora e avisei que quem não devolvesse ia ser cobrado”, afirmou na entrevista. No inquérito da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) que apura o caso, Playboy, de fato, não foi reconhecido por nenhum funcionário do Detro, de acordo com informações obtidas pelo site de VEJA. Mas os investigadores ainda consideram como mais concreta a hipótese de que a ordem tenha partido do chefe do tráfico da Pedreira.

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