Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Câmara do Rio enfrenta professores e aprova Plano de Cargos e Salários

Projeto passou por 36 votos contra 3, com 31 emendas, e segue para sanção do prefeito. Do lado de fora, black blocs entram em confronto com a polícia

Por Pâmela Oliveira e Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
1 out 2013, 19h05

Intensos confrontos entre manifestantes e policiais ao longo de todo o dia no centro carioca. Tentativa de invasão com marretadas na porta da Câmara. O descontrole de um vereador que subiu na mesa do presidente da Casa para interromper a sessão. Ausência da oposição. Não faltaram circo e vandalismo nesta terça-feira na votação do Plano de Cargos e Salários dos professores municipais. De nada adiantou. Às 18h50, os parlamentares aprovaram a proposta enviada pelo prefeito Eduardo Paes, que será publicada no Diário Oficial de quarta-feira. Com o clima ainda tenso do lado de fora após a votação, os vereadores deixaram o prédio pela porta lateral com o reforço da segurança.

O projeto foi aprovado com folga: 35 votos contra 3 no primeiro turno e 36 a 3 na votação final. Ainda foram apresentadas 31 emendas, que passaram em bloco por 36 a 1. Agora, o projeto final será encaminhado para a sanção do prefeito. O Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe) critica o plano porque considera que ele beneficia menos de 10% da categoria.

Manifestaram-se contra a proposta César Maia, Carlo Caiado e Tio Carlos, todos do DEM. Outros nove vereadores da oposição se ausentaram do plenário antes da apreciação: Teresa Berguer, do PSDB; Verônica Costa e Márcio Garcia, ambos do PR; Eliomar Coelho, Renato Cinco, Paulo Pinheiro e Jefferson Moura, do PSOL; Brizola Neto, do PDT, e Reimont, do PT. Eles alegaram falta de segurança, o que se confirmou no começo da tarde quando um grupo tentou invadir o Palácio Pedro Ernesto forçando as portas laterais com marretas.

Após uma interrupção de cinco minutos, a sessão foi retomada — ao som das bombas jogadas pela polícia contra integrantes do grupo Black Bloc, que estavam ali para apoiar o protesto. Para tumultuar (ainda mais) a audiência, o vereador Brizola Neto voltou ao plenário por volta das 18h20 e subiu na mesa do presidente da Casa, Jorge Felippe, do PMDB. Descontrolado, o parlamentar precisou ser contido por seguranças, que o arrastaram para fora.

Leia: Tentativa de invasão interrompe sessão na Câmara do Rio

Continua após a publicidade

Professores – O protesto do sindicato, iniciado na noite de segunda-feira, pedia a retirada da urgência do Plano de Cargos e Salários. Os educadores reclamam que o plano privilegia quem cumpre carga horária de 40 horas, uma forma de a prefeitura estimular que os docentes trabalhem em horário integral.

O texto indica que apenas quem aceitar ampliar a jornada semanal poderá receber um salário maior. Mesmo assim, as transferências dependem de disponibilidade do caixa da prefeitura, como mostra o artigo 27: “Por ato do Poder Executivo, de acordo com a necessidade de serviço, critérios e disponibilidade orçamentária anual, poderá ser implantada a jornada de trabalho de quarenta horas semanais, respeitado o direito de opção e a habilitação específica”.

Atualmente, há educadores que fizeram concurso para trabalhar 16, 22, 30 e 40 horas. O Sepe aponta mais um problema. Alguns educadores dão aula em outro município e, para aceitar o acordo para o aumento, teriam de abrir mão da jornada dupla. O sindicato também critica o artigo que obriga professores de ensino fundamental a lecionar várias disciplinas, e não só as de suas formações.

A prefeitura rebate. Em nota, Eduardo Paes disse que o plano “é uma vitória para os servidores da Secretaria Municipal de Educação e um passo definitivo para consolidar o ensino público do Rio de Janeiro como o melhor do Brasil”. Ainda segundo a nota, a aprovação garante um reajuste imediato de 15,3% no salário de todos os profissionais de educação, corrigindo “injustiças históricas”. O impacto nos cofres públicos deve ser de 3 bilhões de reais.

Leia também:

Polícia usa bombas de efeito moral contra professores em greve

Black blocs dominam protesto de professores no centro do Rio

Embate – Antes do início da sessão extraordinária, o professor Uoston (PMDB), condenou o comportamento de manifestantes e vereadores que tentaram impedir os trabalhos. “Não é possível que a sessão seja cancelada toda vez que houver assunto polêmico. Não dá para encher galerias e acuar os vereadores”, declarou o vereador, o presidente do bloco Por um Rio Melhor e um dos principais aliados de Paes na Câmara, referindo-se também a outro tema que levantou fortes protestos no Rio: a CPI dos Ônibus.

Um dos principais opositores do prefeito, o vereador Cesar Maia não só ficou no plenário como pediu a palavra. Ao microfone, manifestou-se a favor dos educadores e, claro, contra a proposta que seria aprovada por esmagadora maioria: “Duvido que um vereador que seja candidato a deputado estadual se eleja depois de votar a favor desse projeto. O desgaste será muito grande”.

Continua após a publicidade

Em seguida, subiu à tribuna a vereadora Laura Carneiro (PTB), que saiu em defesa de Paes. “Eu sou do PTB, voto com Eduardo Paes e não tenho vergonha. Esse foi o governo que o povo escolheu”, disse, criticando a violência dos protestos do lado de fora: “Não acredito que marreta seja instrumento de professor”. Professor Uoston também falou em defesa do projeto de Paes: “O plano não é nenhuma Brastemp, precisa de alterações e melhorias, mas respeita a categoria, que passou quarenta anos sem um plano de carreira”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.