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SC: governador descarta impacto eleitoral da onda crimes

Na berlinda por ataques criminosos em Santa Catarina, Colombo reconhece ameaça do crime organizado mas diz que facções já foram desarticuladas

Por Gabriel Castro, de Florianópolis
18 fev 2013, 07h30

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), é católico devoto. Nos últimos 20 dias, ele intensificou as preces diárias. Colombo esteve à frente do governo em um dos momentos mais delicados da história política do estado: os ataques em série – 111 até a madrugada desta segunda-feira – que assustaram a população e colocaram em xeque a credibilidade das autoridades locais. Os criminosos continuaram agindo mesmo após a força-tarefa que transferiu 40 presos para outros estados e colocou na cadeia outras 78 pessoas. Mas Colombo acredita que os bandidos já perderam seu poder de articulação. Em entrevista concedida ao site de VEJA na residência oficial do governo, em Florianópolis, o governador diz que a ação do crime organizado é uma “realidade” contemporânea e promete ser duro com os criminosos – mas reconhece que casos de maus tratos a detentos em sua gestão, como a ocorrência de tortura no presídio de Joinville, colaboraram para o levante.

No sábado, depois da operação policial que prendeu 25 pessoas, o senhor anunciou que a “espinha dorsal” da quadrilha estava sendo quebrada. Mas os ataques não cessaram. Isso é residual? Essa é a nossa expectativa. Houve apenas um ataque e ele se restringiu a um veículo de um policial militar. Houve a queima de um pouco do pneu e do para-choque, mas foi apenas uma ocorrência. Já é um número bem menor do que vinha ocorrendo nos últimos dias, e a expectativa é de que a gente possa dominar efetivamente a situação.

O senhor teme a existência de um novo PCC no estado? O crime organizado é um novo fenômeno social, é uma realidade. Mas nós vamos fazer o enfrentamento e vamos vencer essa luta.

Os ataques mostram que a situação fugiu do controle? Não, mas evidentemente eles têm formas operacionais que exigem muito de nós, e temos que nos preparar cada vez mais para esse enfrentamento.

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Onde o governo errou? Nós estamos apertando o cerco ao crime organizado, e isso é uma reação a essas ações. Aquele episódio de Joinville, em que houve excessos, não deveria ter ocorrido. E nós vamos punir as pessoas depois do inquérito apurar quais são os responsáveis. Nós não aceitamos, em hipótese nenhuma, qualquer tipo de tortura. Desde então, o governo reagiu com firmeza e nós vamos continuar nessa linha. Nós estamos quebrando a espinha dorsal do crime organizado. Ele existe e precisa ser enfrentado com muita responsabilidade e muita técnica.

A remoção de 40 presos para unidades federais é um reconhecimento de que o governo do estado é incapaz de impedir que eles se articulem? É uma estratégia que apresentou resultados interessantes quando feita em outras regiões – e mesmo aqui em Santa Catarina isso já aconteceu, em 2011. É um procedimento tecnicamente recomendado e que deverá produzir resultados positivos. Nós também vamos construir uma unidade com RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Isso nós não temos hoje em Santa Catarina, embora nós tenhamos duas penitenciárias que têm as mesmas condições parecidas com as do RDD – a de Criciúma e a de Chapecó. Vamos nos equipar para isso imediatamente.

Santa Catarina teve um aumento de mais de 100% na taxa de homicídios a partir do ano 2000. Essa situação é irreversível? Nós conseguimos reduzir. Dos índices nacionais de homicídio, Santa Catarina é o estado menos violento do Brasil. Nossa média anual é de 12 a cada 100.000 habitantes.

É possível coibir o uso de celulares nos presídios, uma das formas que os presos têm para se organizar? Sim. Houve um avanço tecnológico muito grande Existem bloqueadores. É um tipo de equipamento que identifica a presença dos celulares mesmo que eles não estejam sendo usados. É um aparelho que nós estamos usando agora.

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O governo deixa os presos usarem os celulares propositalmente, para que eles sejam grampeados? O estado não tem esse direito. Nós precisamos tirar os celulares todos, não ter nenhum em funcionamento. É claro que muitas vezes, não tem como negar, (as escutas) têm informações que são úteis, mas o ideal é que os celulares não existam.

De quem partiu a iniciativa de recorrer ao auxílio do governo federal? O ministro José Eduardo Cardozo se colocou à inteira disposição; eu fui a Brasília, levei toda a nossa estratégia e nós aperfeiçoamos e executamos. O contato foi diário, muitas vezes ao dia, sempre discutindo e somando forças.

O senhor teve de recorrer à ajuda do governo federal. Ideli Salvatti, sua potencial adversária em 2014, é ministra desse governo. Isso prejudica os planos de reeleição? Eu não ligo uma coisa a outra. A sociedade não é idiota e sabe separar esse fenômeno de um processo político-eleitoral. Eu não vejo relação nenhuma nisso. O que a população quer é que o estado se una em todos os níveis e dê proteção às pessoas. Foi isso que nós procuramos fazer e, da parte do ministro José Eduardo Cardozo e do governo federal, nós recebemos todo o apoio e trabalhamos de forma muito integrada, o que não significa nada sob o ponto de vista eleitoral.

O PSD está prestes a ganhar um ministério. Para o senhor, que fez carreira no DEM e é adversário do PT no plano estadual, isso incomoda? Eu entendo que o Brasil mudou e o meu movimento em relação ao PSD foi tentar criar um espaço novo e uma prática nova na politica brasileira. É importante acreditar que isso é possível. Nesse momento, isso (o ministério) não é uma coisa importante, na minha opinião. O importante é um posicionamento político adequado para o futuro. Hoje não há mais diferenças ideológicas e as siglas partidárias representam muito pouco para as pessoas. O importante é uma prática que resgate credibilidade. Hoje a gente não sente isso na política.

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