‘Soltura de Dirceu não é prejudicial à Lava Jato’
Segundo o cientista político Sérgio Praça, o que se vê no Supremo Tribunal Federal é apenas a 'etapa final' das investigações
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) soltou, na última terça-feira, o ex-ministro José Dirceu (PT), condenado em segunda instância a 30 anos e 9 meses de prisão. Ele é acusado de ter recebido propina da empreiteira Engevix, por meio de contratos da Petrobras. A medida foi analisada, por alguns, como uma ameaça à Operação Lava Jato, mas não é vista da mesma forma pelo cientista político e colunista de VEJA Sérgio Praça.
Segundo ele, a Lava Jato é “um conjunto de operações bem sucedido que implica a diminuição da impunidade”. “O que nós vemos [de julgamento] no Supremo Tribunal Federal é a etapa final”, diz. Para o cientista político, a Lava Jato seria enfraquecida se o Supremo decidisse rever a decisão que permitiu a prisão após condenação em segunda instância.
Praça também comentou que é importante se atentar à composição da Segunda Turma. O colegiado é formado pelos ministros Edson Fachin, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. De todos, apenas Edson Fachin tem uma visão “punitiva” na análise de Praça. “Por ter sido indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, esperava-se que Fachin tivesse uma simpatia um pouco maior pela esquerda”, o que não aconteceu, como mostram as recentes decisões do ministro.