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Polarização política pode não ter sido influenciada por redes sociais

Estudos apontam que algoritmo modula o conteúdo a que o usuário tem acesso, mas não modifica seu comportamento político

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2023, 10h52 - Publicado em 31 jul 2023, 10h43

Durante as eleições de 2020, nos Estados Unidos, assim como nos últimos dois pleitos presidenciais brasileiros, houve uma intensa discussão a respeito do papel das bolhas formadas em redes sociais como Instagram e Facebook na radicalização dos eleitores. Agora, uma série de estudos aponta que o papel dessas plataformas na polarização política pode ter sido menos influente do que se acreditava. 

De acordo com os resultados das pesquisas, os algoritmos são eficientes para influenciar o que aparece nas redes sociais dos indivíduos e para segregar o tipo de informação que cada um vai receber, mas isso não é suficiente para mudar o comportamento político dos usuários. 

“Nós não sabemos exatamente o porquê”, afirmaram em comunicado dois dos autores do estudo, Talia Jomini Stroud, da Universidade do Texas e Joshua A. Tucker, da Universidade de Nova Iorque. “Pode ser porque o período de tempo em que os algoritmos foram alterados não foi longo o suficiente, porque essas plataformas já existem há décadas, ou porque, embora o Facebook e o Instagram sejam fontes influentes de informação, eles não são as únicas.”

Os artigos publicados na Nature e na Science mostram que o botão de compartilhamento é o principal responsável pela difusão de desinformação, mas também revela que modificar o algoritmo não parece ser uma solução efetiva para diminuir o aparecimento de conteúdos políticos ou para modificar o comportamento ideológico. 

De acordo com os resultados, retirar o botão de compartilhamento diminui o acesso a conteúdos políticos e reduz a quantidade de informações falsas a que os usuários têm acesso. Por outro lado, mudar a linha do tempo para a forma cronológica faz com que mais conteúdos de desinformação apareçam, aumenta a frequência de conteúdos políticos e diminui o tempo que os usuários passam nas plataformas. 

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O achado mais curioso, contudo, foi em relação a formação de bolhas. Modificar o algoritmo para deixar de priorizar conteúdos de pessoas que pensam de maneira semelhante não impactou o comportamento ideológico dos indivíduos. “Isso nos diz que reduzir a exposição ao conteúdo de fontes afins, pelo menos no contexto da eleição presidencial de 2020, não afetou substancialmente as atitudes políticas”, diz outro autor do estudo, Jaime Settle.

A pesquisa foi realizada por 15 especialistas em parceria com a Meta e contou com a participação de 23,377 voluntários que compartilharam seus dados de uso da plataforma e responderam questionários sobre o comportamento nas redes. 

“É ótimo ver acadêmicos de fora finalmente sendo capacitados para estudar os efeitos dos algoritmos da Meta na polarização política”, afirma o palestrante de inteligências artificiais da Universidade de Victoria, Andrew Lensen, que não esteve envolvido na pesquisa. “Os estudos mostraram que usar a ordem cronológica reversa em vez do algoritmo atual faz com que os usuários gastem muito menos tempo no Facebook e no Instagram – uma simples mudança como essa poderia reduzir a dependência dessas tecnologias.”

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