Plataforma ajuda empresas a darem salto de produtividade
Por meio de programas e projetos do SENAI, pequenas e médias empresas descobrem que a chamada quarta revolução industrial é acessível e lucrativa

Criar máquinas inteligentes, capazes de simular o pensamento humano e tomar decisões é uma antiga fantasia da ciência. Essa aparente utopia, no entanto, está mais próxima da realidade do que se imagina. Não se trata de robôs humanoides. Mas sim de sistemas integrados que analisam as variáveis presentes no processo de fabricação e identificam potenciais situações de risco, avisando seus gestores ou realizando intervenções por conta própria.
Esse tipo de tecnologia permeia o conceito de indústria 4.0. E, embora pareça complexo, a simplicidade é um dos segredos para aderir ao conceito e ser bem-sucedido. “Não é preciso, nem recomendável, dar grandes saltos. A melhor forma de se inserir na indústria 4.0 é fazendo pequenos projetos”, diz Ailtom Nascimento, vice-presidente executivo da Stefanini, empresa de tecnologia que desenvolve sistemas para a indústria 4.0.
Considerada a quarta revolução industrial, a indústria 4.0 é um conjunto de sistemas que permite total controle e conhecimento do que acontece no chão de fábrica. Para isso são utilizados desde sensores e robôs, até softwares avançados, cujo objetivo é reunir a maior quantidade de informações possível para, em seguida, fundamentar a tomada de decisões. Entrar nessa quarta revolução industrial representa um grande salto produtivo para as empresas.
Estudos da consultoria McKinsey apontam que os ganhos em produtividade podem chegar a 26%. “A indústria 4.0 é um grande desafio e uma oportunidade para o Brasil”, afirma o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi. “E o SENAI está pronto para ajudar as empresas de todos os portes e setores a incorporar os novos fatores que definirão a competitividade no futuro.”
Muitos parecem não saber, mas a tecnologia é acessível para as empresas, inclusive as de pequeno e médio porte. Exemplo disso é o trabalho do SENAI, que passou a oferecer serviços técnicos e de inovação às empresas por meio de 57 centros de tecnologia e 25 institutos de inovação. E os resultados são animadores: os institutos de inovação entregaram 241 projetos – e movimentaram quase 161,5 milhões de reais.
Além disso, por meio do programa Brasil Mais Produtivo, a entidade implementou técnicas alinhadas ao conceito de manufatura enxuta em mais de 3 000 empresas brasileiras, verificando um ganho médio de produtividade de 52%. Essa é uma realidade que a GomaSul, fabricante de artefatos de borracha de Bento Gonçalves (RS), conhece bem. A pequena companhia, que conta com 17 funcionários, iniciou um projeto de modernização há três anos. Atualmente, trabalha na implementação de sensores e sistemas de gestão alinhados com a indústria 4.0. “Consigo ter uma compreensão melhor dos custos de produção e passar para os clientes uma previsão de entrega mais assertiva”, afirma Gilson Rigo, diretor da GomaSul.
Nesse sentido, recentemente, o SENAI lançou a plataforma SENAI 4.0 — senai40.com.br, que apresenta um portfólio de soluções para a modernização das indústrias, começando por um serviço de avaliação gratuito. Por meio de um questionário online, a empresa presta informações que serão analisadas por consultores. Em até dez dias, ela recebe um relatório individualizado e um plano de ação.
Existe, ainda, um ecossistema de fornecedores de soluções que atende todo porte de indústria. A Tecsistel, localizada em Novo Hamburgo (RS), é uma desenvolvedora de sistemas eletrônicos de automação industrial que atua fortemente no segmento de PMEs. “A maioria dos nossos clientes é de pequeno e médio porte”, afirma Fabiano Linck, diretor técnico da companhia. “É uma tecnologia acessível e que dá resultado em um curto período.” A evolução é inevitável e ficar parado não é uma opção. A indústria 4.0 está mais perto e acessível do que se imagina.
