Plano de Musk para cobrar mensalidade do Twitter prejudicará a rede
Além de ser usado para confirmar contas oficias de personalidades públicas, selo de verificação indica que a fonte de informação é confiável em sua área
Quem usa o Twitter hoje sabe que as contas verificadas, aquelas com um pequeno sinal azul ao lado do nome, indicam a página oficial de uma celebridade, político ou alguma personalidade pública. É uma forma de garantir que essas pessoas famosas não sejam vítimas de contas falsas ou perfis enganosos. É, também, uma importante ferramenta para garantir que a fonte de informações é confiável. É por isso que cientistas, jornalistas, professores e outros profissionais se esforçam para fazer o processo (que não é simples) de garantir o selo azul. Mas isso pode mudar agora que Elon Musk é o novo dono da plataforma.
O novo dono da plataforma já afirmou que pretende cobrar uma mensalidade de US$ 8 de quem quiser manter – ou conquistar – o selo de verificação. “O atual sistema de senhores e camponeses do Twitter para quem tem ou não uma marca de seleção azul é uma besteira total. Poder para as pessoas! Azul por oito dólares por mês!”, escreveu Musk para seus mais de 110 milhões de seguidores.
Já existe um modelo pago. O Twitter Blue oferece uma série de ferramentas exclusivas, com a possibilidade de editar tweets, uma das funcionalidades mais pedidas pelos usuários. O serviço custa US$ 4,99 e está disponível no Canadá, EUA e Nova Zelândia. Mas o pagamento não dá a ninguém o direito de ostentar o selo azul.
É claro que existem perfis com o selo que ajudam a disseminar notícias falsas. Aqui mesmo, no Brasil, existem inúmeros casos – e algumas delas foram recentemente tiradas do ar. Mas, via de regra, são exceção.
Se a mudança realmente for colocada em prática, qualquer um poderá desembolsar um valor, que será diferente em cada país, como forma de garantir a equivalência na moeda local, para se tornar verificado. Isso esvaziará seu principal motivo de existir.
Mesmo importantes produtores de conteúdo relevante da plataforma terão que pagar para continuar como fontes verificadas. Durante a pandemia, por exemplo, o trabalho de profissionais da saúde foi extremamente decisiva para combater a desinformação. Será que todos continuariam lá se fosse preciso arcar com uma mensalidade?
Para justificar, Musk afirmou que se trata de uma alternativa de receita, já que a plataforma não poderia depender apenas de anúncios. Hoje, 90% da receita do Twitter vem dos US$ 5 bilhões em propagandas veiculadas na rede.
O anúncio já provocou a revolta de diversos usuários. Até o escritor Stephen King, grande fã da plataforma, reclamou para seus mais de 8 milhões de seguidores. “Pagar 20 paus para manter meu selo de verificado? Que anda, eles que deveriam me pagar. Se isso for institucionalizado, estou forra”. A expectativa é que se a cobrança realmente começar a ser feita haverá uma debandada.