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Pesquisa global revela desejo por moderação de conteúdo em redes sociais

Estudo envolveu cerca de 13.500 participantes em dez países, incluindo seis na Europa, além de Estados Unidos, Brasil, África do Sul e Austrália

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 fev 2025, 01h00

Uma nova pesquisa em larga escala, conduzida pela Universidade de Oxford e pela Universidade Técnica de Munique, revela que a maioria das pessoas deseja que conteúdos prejudiciais, como ameaças físicas e difamação, sejam restringidos nas redes sociais. O estudo, publicado nesta terça-feira, 11, envolveu cerca de 13.500 participantes em dez países, incluindo seis na Europa, além de Estados Unidos, Brasil, África do Sul e Austrália.

A pesquisa utilizou um questionário abrangente para avaliar as opiniões dos usuários de redes sociais sobre a tensão entre liberdade de expressão e proteção contra abusos digitais e desinformação. Os participantes, com idades entre 16 e 69 anos, responderam às perguntas em outubro e novembro de 2024. O estudo foi coordenado pelo instituto de pesquisa de opinião pública Bilendi & Respondi.

Principais Conclusões

Preferência pela Segurança Online: Uma grande maioria (79%) dos entrevistados acredita que incitações à violência devem ser removidas das plataformas, com os maiores índices de aprovação (86%) na Alemanha, Brasil e Eslováquia. Nos EUA, embora a maioria também concorde, a aprovação é menor (63%).

Rejeição a Conteúdo Ofensivo: Apenas 17% dos participantes consideram que os usuários devem ter permissão para postar conteúdos ofensivos para criticar determinados grupos. O apoio a essa visão é maior nos EUA (29%) e menor no Brasil (9%).

Moderação versus Liberdade de Expressão: Em todos os países, a maioria dos participantes indicou preferir plataformas que ofereçam segurança contra violência digital e informações enganosas, em vez de liberdade de expressão ilimitada.

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Percepção de Inevitabilidade da Negatividade: Apesar da preferência por moderação, 59% dos entrevistados acreditam que a exposição à grosseria, intolerância e ódio é inevitável nas redes sociais. Além disso, 65% esperam comentários agressivos ao expressarem suas opiniões nas plataformas, com essa expectativa atingindo 81% na África do Sul e 73% nos EUA.

Responsabilidade pela Segurança: Quanto à responsabilidade pela criação de um ambiente seguro nas redes sociais, 35% dos entrevistados apontaram as plataformas, 31% os cidadãos individuais e 30% os governos como principais responsáveis.

Sem Consenso Universal: A pesquisa também destaca que não há um consenso universal sobre os limites entre liberdade de expressão e moderação, com as opiniões variando conforme normas culturais, experiências políticas e tradições jurídicas de cada país. Isso dificulta a criação de uma regulamentação global.

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Implicações e Desafios

Os resultados mostram uma clara preferência dos usuários por moderação de conteúdo, contradizendo argumentos de alguns empresários de tecnologia que defendem a liberdade de expressão irrestrita. “Empreendedores influentes como Mark Zuckerberg e Elon Musk argumentaram que a liberdade de expressão deve ter precedência sobre a moderação de conteúdo nas redes sociais”, diz Yannis Theocharis, professor da Universidade Técnica de Munique. “No entanto, o estudo mostra que a maioria das pessoas em democracias quer plataformas que reduzam discursos de ódio e abuso. Isso se aplica mesmo nos EUA, um país com um compromisso de longa data com a liberdade de expressão no sentido mais amplo.”

A pesquisa aponta ainda para uma “aclimatização” à negatividade nas redes sociais, onde as pessoas se tornam insensíveis ao que leem e veem. “As pessoas obviamente têm a impressão de que, apesar de todas as promessas de lidar com conteúdo ofensivo, nada está melhorando”, acrescenta Theocharis. “Esse efeito de aclimatização é um problema enorme, porque está gradualmente minando as normas sociais e normalizando o ódio e a violência.”

Pesquisa indica que 6 em cada 10 brasileiros apoiam alguma regulamentação das redes sociais, mas proteção da liberdade de expressão divide opiniões
A (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)
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Para políticos e formuladores de políticas, isso representa um dilema difícil de resolver: como intervir sem violar princípios democráticos. “Por um lado, a saúde do debate político está em jogo; por outro, a intervenção pode violar princípios democráticos fundamentais”, diz Spyros Kosmidis, professor de Política na Universidade de Oxford. Os resultados do estudo sugerem que, embora a maioria prefira algum nível de moderação, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir um ambiente online seguro e saudável.

A pesquisa foi realizada como parte do Laboratório de Moderação de Conteúdo do Think Tank da Universidade Técnica de Munique, que reúne atores da ciência, sociedade civil, política e negócios para desenvolver propostas para lidar com problemas urgentes.

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