
Inicialmente veio o alarme em grupos de pais no WhatsApp: vídeos infantis no YouTube Kids estariam sendo interrompidos com a cara assustadora de uma personagem, a Momo, uma “mulher-pássaro” que ensinaria as crianças a praticar suicídio com objetos cortantes. Não demorou para que, de fato, surgissem filmetes, com montagens malfeitas, como prova do crime. Seria aterrorizante se fosse verdade. Explica-se: a boneca Momo existe. Alguém, sim, editou vídeos e os espalhou pelo WhatsApp — porém eles nunca subiram no YouTube Kids. Mesmo assim, por cautela, o Ministério Público da Bahia, por exemplo, decidiu instaurar investigação.
Mas, afinal, como a fofoca se espalhou? Da Momo, a única certeza é que a personagem foi criada pelo artista plástico japonês Keisuke Aiso como uma escultura. Alguém se apoderou da figura feiosa e a transformou em porta-voz de estupidez. Foi brincadeira de mau gosto tomada como verdade, viralizada. Com a repercussão negativa, Aiso queimou a boneca original.
Publicado em VEJA de 27 de março de 2019, edição nº 2627

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