IA é mais persuasiva que humanos em 64,4% de discussões online, aponta estudo
Modelos de linguagem são mais convincentes com acesso a informações personalizadas dos oponentes

Novos testes com inteligência artificial revelaram dados inéditos sobre a capacidade de persuasão dos modelos de linguagem. Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, colocaram o Chat GPT-4 à prova em discussões online com humanos. Os resultados foram publicados em artigo na revista Nature Human Behaviour, nesta segunda, 19, e indicaram que as IAs foram mais persuasivas que as pessoas quando tiveram informações prévias sobre a outra parte.
Francesco Salvi da EPFL liderou a pesquisa que “examina a persuasão conduzida por IA em um ambiente controlado, onde os participantes se envolveram em debates curtos de múltiplas rodadas”. Do lado dos humanos, 900 pessoas maiores de idade e residentes nos Estados Unidos foram colocadas em pares com outro participante ou com o GPT-4. Por dez minutos, as duplas debateram por texto um tópico, sendo um lado a favor e outro contra, conforme determinação da instrução.
O objetivo dos participantes não era identificar se o oponente era uma inteligência artificial ou um humano, mas ser o mais persuasivo possível no debate. Após o término da discussão, os participantes responderam formulários indicando se mudaram de opinião sobre o tópico pela argumentação da outra parte.
Eram 30 temas da sociopolítica dos EUA disponíveis e direcionados aleatoriamente para cada par. Os pesquisadores ainda separaram os tópicos em três lotes, conforme a intensidade da opinião prévia dos participantes acerca dos assuntos. Entre as perguntas do lote mais fraco estava a pergunta “as redes sociais estão tornando as pessoas mais idiotas?”; no agrupamento médio, “a pena de morte deveria ser legal?”; e no último lote “pessoas transgênero deveriam ser proibidas de utilizar o banheiro conforme sua identidade de gênero?”
Em algumas duplas, uma das partes recebia os seguintes dados coletados em formulário prévio sobre o oponente na discussão: gênero, idade, etnia, nível de educação, situação de emprego e afiliação política. As informações serviam para direcionar melhor os argumentos da discussão online, na intenção de persuadir o adversário.
Sem acesso prévio às informações do oponente, a capacidade de persuasão do chatbot da OpenAi foi indistinguível dos humanos, segundo o artigo. Mas, quando tinham os dados extras, as IAs se saíram melhor: o GPT-4 foi 64,4% mais persuasivo que os participantes humanos nas discussões.
Os pesquisadores afirmam que os resultados destacam o potencial das ferramentas baseadas em IA para influenciar a opinião humana, o que pode ter implicações no design de plataformas online. A segmentação personalizada já é realidade nos feeds de redes sociais e preferências de compras na internet. O artigo, então, se coloca como uma prova de que a inteligência artificial é capaz de fazer esse “ajuste ou personalização de mensagens para um indivíduo ou grupo com o objetivo de aumentar sua persuasividade” quando tem acesso a informações básicas do usuário.