Green Nation, a Comic Con (gratuita) da sustentabilidade
Evento vai até 31 e promove conscientização ambiental em viagens virtuais de asa delta, submarino e até nave espacial, em pleno Parque do Ibirapuera
Uma estação brasileira na Antártica, uma casa de pau a pique no sertão e até uma nave espacial que viaja ao passado formam o cenário de um universo fantástico e educativo espalhado pelos 10.000 m² do Pavilhão das Culturas Brasileiras do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A quinta edição do Green Nation, um dos principais eventos de sustentabilidade do país, foi aberta no último dia 25 – vai até dia 31 – e é um sucesso de público entre todas as idades, especialmente as crianças, que ficam encantadas com as viagens de submarino e asa delta em realidade virtual. “É uma Comic Con da sustentabilidade, só que de graça”, orgulha-se Jairo Soares, CEO da Figtree & Co e um dos organizadores do projeto bancado pelo CIMA (Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente) e nove grandes marcas.
O Green Nation é uma espécie de festival audiovisual que oferece experiências interativas, sensoriais e emocionais, apresentações de teatro e palestras de especialistas internacionais, como o documentarista brasileiro Lawrence Wahba. O respeito à natureza é exaltado com o ensinamento de boas práticas, como a coleta e separação correta do lixo para reciclagem. “A cultura audiovisual é um poderoso instrumento de mobilização. O lema do Green Nation é ‘pensar, viver e sentir’, pois quando o visitante mergulha em ambientes interativos e sensoriais, ela aciona todos os seus sentidos de percepção e entendimento. O efeito é imediato e ela passa a se identificar com aquilo”, conta o geógrafo e cineasta gaúcho Marcos Didonet, diretor do Green Nation.
Uma das primeiras paradas obrigatórias do Green Nation serve também como um refresco em meio ao calor paulistano. O espaço com gelo e neve artificiais é uma ambientação fidedigna das instalações da Estação Comandante Ferraz, base brasileira na Antártica, reconstruída depois de um incêndio em 2012. Neste ambiente, uma instrutora caracterizada como pesquisadora ressalta os impactos do aquecimento global na vida marinha e mostra a realidade dos brasileiros que vivem na Antártica. A cenografia perfeita, que inclui baixas temperaturas e até uma simulação de neve feita com espuma, foi elaborada por uma equipe de carnavalescos.
Outra ambientação cenográfica espetacular é a de uma casa na região semiárida do país. Atores mostram como é a vida de uma família sem acesso a água tratada – o desafio é, por meio de uma espécie de videogame, coletar 20 litros de água direto de um açude – e assim conscientizar os visitantes sobre o quanto desperdiçamos água em atividades triviais como escovar os dentes. “Eu, minha esposa e meu filho vivemos só com um balde de água por dia”, explica o ator, carregando no sotaque.
A sessão que mais provoca filas, no entanto, é mesmo a simulação de voos de asa delta. Os visitantes são presos a uma réplica dos equipamentos e “viajam”, graças a um óculos de realidade virtual, acima de águas brasileiras. “Foi muito gostoso, só fiquei com medo de dar de cara com um jacaré”, divertiu-se a pequena Constance Kazakos, de sete anos, depois de passar por paisagens como alguns rios da Amazônia, as Cataratas do Iguaçu e algumas praias do Rio de Janeiro.
Outra experiência impactante mostra o “caminho do lixo”. Um cano gigantesco, montado sob o cenário de prédios da Avenida Paulista, simula uma cidade que descarta lixo de forma inadequada. O público passa pelas tubulações e canais até chegar ao cenário de um rio completamente poluído. Ali, cercados de sujeira e peixes mortos em painéis de vídeo, todos são convidados a realizar uma coleta de lixo, separando plástico de papeis, até que a natureza ganhe vida nas paredes. “A área ambiental muitas vezes é complexa e nosso papel é tentar simplificar os conceitos em uma linguagem adaptável de 0 e 90 anos”, diz o diretor Didonet.
Os cenários luxuosos incluem uma imersão em um mar com fauna e flora exuberantes formadas por baleias, tartarugas e muitos peixes, a bordo de um submarino cenográfico. Portando seus óculos mágicos, os visitantes são alertados por uma simpática e gentil instrutora com síndrome de Down sobre os efeitos nocivos do descarte de lixo no mar, sobre a pesca predatória, sobre poluição e outros problemas. Também se destaca uma enorme nave espacial futurística, que “viaja” do ano 2200 rumo a 2019 até a floresta da Cantareira, na Mata Atlântica. Ali, atores simulam uma coleta de dados para a clonagem de espécies como a onça pintada, que, segundo os cálculos do Green Nation, pode ser extinta em 2050.
Há ainda espaços para plantar árvores, degustar comida feita com o reaproveitamento de alimentos descartados e até jogar basquete em cadeira de rodas, em apoio aos esportes paralímpicos. Em sua edição anterior, em Brasília, o evento atraiu mais de 70.000 pessoas, número que deve ser facilmente superado até o próximo domingo, último dia em São Paulo. Empolgado com o sucesso da feira, Didonet planeja montar uma exposição itinerante já a partir deste ano. “Vamos passar por 22 municípios do Brasil, de Uruguaiana (RS) a São José do Ribamar (MA). A ideia é o Green Nation se movimentar, porque ele é um movimento, e não um evento.”