Fazenda vertical a filtros de ar: a tecnologia da Nasa usada no cotidiano
Agência espacial americana divulga anualmente as startups e empresas que criam soluções baseadas em descobertas espaciais que facilitam a vida na Terra
Com seus projetos de exploração espacial, a Nasa desenvolve uma série de pesquisas e tecnologias que têm uma aplicação também aqui, na Terra. E, anualmente, a agência espacial americana divulga algumas das empresas que estão usando essas descobertas para desenvolver soluções interessantes. A seleção de trabalhos sai na publicação Spinoff, e a edição deste ano lista 45 aplicações reais dessas tecnologias.
Um dos exemplos mais significativos dos últimos tempos é o filtro de ar originalmente utilizado para controlar a emissão de etileno, um hormônio vegetal gasoso responsável pelo amadurecimento dos frutos. No ambiente sem gravidade sem gravidade de espaçonaves, o etileno ficava preso ao redor da planta e causava o amadurecimento prematuro. O filtro desenvolvido pela Nasa acabava com o problema, e também eliminava esporos de mofo, bactérias e vírus.
Com a chegada da pandemia e a descoberta de que o vírus se propagava pelo ar, ficou clara a importância dessa tecnologia em reduzir a contaminação em ambientes fechados. Empresas que já utilizavam o sistema, como a ActivePure Technology, viram os estoques de meses desses filtros serem vendidos em poucas semanas ou dias.
O ambiente de recursos extremamente limitados como as naves ou as estações espaciais também motivou as pesquisas em agricultura vertical, que reutilizam a pouca água disponível, minimizam o consumo de energia e eliminam o solo como um meio obrigatório para o crescimento das hortaliças. Essas tecnologias hoje são usadas por algumas das startups mais promissoras do setor agtech, como é chamado o ecossistema de inovação agrícola.
Há vários outros casos interessantes. Materiais usados para controlar a temperatura dos astronautas no espaço estão sendo adaptadas para manter exploradores aquecidos em aventuras ao ar livre, ou para manter pilotos de corrida refrescados em meio ao calor do cockpit de seus carros. Um braço robótico usado por astronautas para reparos deu origem a luvas que aumentam a força de quem as utiliza, reduzindo lesões causadas por movimentos repetidos.
A publicação também lista outras tecnologias novas e promissoras que podem ser aplicadas no futuro, como sistemas biométricos de identificação de identidade e um tipo de alumínio que pode consertar, sozinho, falhas e rachaduras em estruturas como tanques e aeronaves.
Os exemplos integram o Programa de Transferência de Tecnologia, que busca a aplicação do conhecimento em larga escala por meio de parcerias e acordos de licenciamento com empreendedores. “O valor da NASA não se limita ao cosmos, mas é percebido em todo o nosso país – de empregos bem remunerados aos conhecimentos sobre a ciência climática”, afirma o diretor da agência, Bill Nelson. “A transferências de tecnologia facilita a vida das pessoas ao redor do mundo”, completa.