Elizabeth Holmes, fundadora da Theranos, é considerada culpada por fraude
A empreendedora foi julgada nos Estados Unidos e pode cumprir até 20 anos de prisão, além de pagar uma multa de US$ 500 mil
Em 2003, a empreendedora Elizabeth Holmes fundou a startup Theranos com a ambiciosa missão de oferecer mais de 200 exames a partir da análise de uma única gota de sangue, feita em uma pequena máquina disponível em qualquer lugar. A empresa foi avaliada em US$ 10 bilhões e atraiu investimentos de Rupert Murdoch e Betsy DeVos, entre outros, e o apoio de Bill Clinton e diversos líderes mundiais. Mas a história toda era uma grande enganação e Holmes foi a julgamento.
O júri, composto por oito homens e quatro mulheres, considerou Holmes culpada de quatro acusações – três por fraude eletrônica e uma por conspiração para cometer fraude eletrônica. A empreendedora foi considerada inocente em outras três acusações de fraude eletrônica e uma de conspiração para cometer fraude eletrônica. Holmes pode pegar até 20 anos de prisão e ser obrigada a pagar uma multa de US$ 500 mil, além de uma restituição para cada acusação de fraude eletrônica.
As acusações envolvem os investidores da Theranos, que afirmaram ter sido ludibriados sobre a capacidade técnica da startup, e que perderam milhões de dólares no processo depois que a empresa foi à falência. Durante o julgamento, a defesa convocou três testemunhas, incluindo Holmes, que distribuiu a culpa entre funcionários e consultores. Ela afirmou que seu ex-namorado e ex-COO da Theranos, Ramesh Balwani, forjou relatórios financeiros e usou seu poder para abusar psicologicamente dela. Balwani será julgado ainda neste ano.
A história de Holmes e da Theranos foi contada no documentário “A Inventora – À Procura de Sangue no Vale do Silício”, exibido pela HBO. Além de mostrar os bastidores do desenvolvimento da startup e da maneira como todos, de funcionários a investidores, e da opinião pública a líderes mundiais, caíram na história, empolgados com a perspectiva de mudança oferecida pela empresa sem ter conhecimento real se a tecnologia era realista. O filme faz um alerta sobre a cultura de inovação do Vale do Silício e como é comum que os empreendedores criem narrativas algumas vezes em base técnica.