DeepSeek limita acesso depois de ataque cibernético
No auge da popularidade, plataforma chinesa ficou indisponível

Desde que foi lançada, dia 10 de janeiro, a DeepSeek, ferramenta de Inteligência Artificial (IA) chinesa provocou um tsunami tecnológico e financeiro no mercado cibernético. Depois de ultrapassar a concorrente americana GPT, em número de downloads na Apple Store, a plataforma firmou-se como o IA melhor avaliado em eficiência e custo. O sucesso nas redes fez as ações das gigantes Nvidia, Microsoft e Meta desvalorizarem. Na última segunda-feira, 27, depois do anuncio de uma ferramenta gratuita, veio o contragolpe: um ataque hacker paralisou o site da empresa.
Em comunicado, a corporação avisou que foi obrigada a limitar os acessos dos internautas. Isso quer dizer que os pedidos de downloads são avaliados antes de serem liberados. Quem correu para testar a ferramenta no Brasil teve (e ainda está com) dificuldades. O assistente gratuito lançado, o DeepSeek V3, segundo seus criadores, “está no topo da tabela entre os modelos de código aberto e rivaliza com as ferramentas fechadas mais avançadas do mundo”.
Isso fez com que os acessos disparassem, inclusive no Brasil. A estratégia representa mais um salto nos negócios, à medida que atrairá investimentos significativos para a empresa chinesa mudar de patamar. “O grande mérito da DeepSeek foi democratizar o IA”, diz a especialista Natalia Castan, CEO do Grupo Unite, empresa de call center, que trouxe o IA para as atividades. Mesmo diante das sanções do governo americano, que impôs que os chineses só poderiam operar com um chip inferior ao usado pelas empresas da terra do Tio Sam, a startup fez do limão uma limonada, de var inveja. “Conseguiu uma ferramenta mais avançada e com custo mais baixo que as concorrentes, combinação que se transformou em uma força inesperada na disputa por um mercado até então dominado pelos americanos”, diz Natalia.
Investimento em pesquisa
A empresa tem dois anos de vida. Começou como um braço de pesquisa da High-Flyer, um grupo quantitativo de 8 bilhões de dólares, que tinha como sócio Liang Wenfeng, fundador do DeepSeek. A vocação era desenvolver modelos de IA com foco em pesquisa fundamental, sem a pressão da comercialização rápida. Para isso, houve o investimento em um time destacado de pesquisadores com a missão de tirar água de pedra. “Só a qualidade destes profissionais explica uma ferramenta deste porte”, diz Natalia. De acordo com a Revista Nature, o desenvolvimento do DeepSeek R-1 custou 6 milhões de dólares, enquanto o Llama 3.1 da Meta, 60 milhões.