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De outro mundo: app permite que usuários tirem selfies com mortos

Com a ajuda da tecnologia, ainda em desenvolvimento, pode-se interagir com avatares de entes falecidos; para psicólogos, não é uma solução saudável

Por Carla Monteiro 7 mar 2017, 18h53

Um novo aplicativo permitirá que o usuário interaja e até tire selfies com pessoas que já faleceram. O With me (Comigo, em inglês) está sendo desenvolvido pela Elrois, empresa sul-coreana especializada na produção de avatares em 3D. Por enquanto, a novidade não tem data de lançamento no mercado. Contudo, já tem repercutido, muito, pela internet.

Como funcionará. Ainda durante a vida da pessoa, o aplicativo escaneia e cria uma imagem digitalizada, em 3D, dessa mesma pessoa. Para, depois de sua morte, reproduzi-la por meio de um software de Inteligência Artificial. Também com a ajuda da tecnologia, o avatar digital do falecido responde a gestos e até tira fotos com os amigos e familiares que buscam por uma interação, digamos, pós-morte.

Segundo a empresa sul-coreana, o app está sendo desenvolvido com a meta de possibilitar que indivíduos possam continuar a compartilhar momentos com os seus entes queridos, mesmo quando estes já faleceram. Quem já viu Volto Já, primeiro episódio da segunda temporada da série de ficção-científica Black Mirror, do Netflix, deve naturalmente se lembrar de que uma promessa do tipo pode se tornar um tanto perigosa.

Seria mesmo uma maneira apropriada de matar a saudade de alguém? Para psicólogos ouvidos pelo site de VEJA, o serviço desse app deve é acender um sinal de alerta na sociedade. É o que defende, por exemplo, a psicóloga Adriana Severine, para quem a prática não é nada saudável para as pessoas que buscam pela interação com falecidos.

“O processo do luto deve ser uma fase de superação dos familiares e amigos que continuam vivos”, explica Adriana. E acrescenta: “Esse app é só uma tentativa de mascarar uma perda significativa. A princípio, a ideia parece ser boa. Porém, a tecnologia em questão interrompe a fase de superação do luto, trazendo, na verdade, uma dor infinita. A pessoa corre o risco de acreditar em algo completamente fantasioso e, assim, não conseguir mais identificar a diferença entre o real e o imaginário. Criando para si um universo paralelo, distante da realidade”.

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