Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Avaliada em mais de US$ 1 bi, startup brasileira de games quebra recorde

Irmãos paulistanos fundaram com 100 dólares a Wildlife, destinada à criação de jogos eletrônicos para smartphones e tablets

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 dez 2019, 15h59 - Publicado em 13 dez 2019, 06h00

Em 2011, Victor e Arthur Lazarte decidiram largar o emprego — em um banco e em uma consultoria de investimentos, respectivamente — para fundar, com 100 dólares, a startup Wildlife, destinada à criação de jogos eletrônicos para smartphones e tablets. Os dois engenheiros paulistanos, irmãos com 25 e 27 anos na época, rascunharam os primeiros games a ser desenvolvidos e o modelo de negócios em um escritório improvisado na cozinha da casa dos pais. A estreia foi com Bike Race (em inglês, corrida de motos), cujo nome dispensa explicações. A brincadeira deu certo, ganhou velocidade e decolou. Com oito anos de vida, mais de 2 bilhões de downloads e um catálogo de setenta games, alguns dos quais reproduzem ideias de típicas máquinas de cassino, aquele embrião que nasceu na frente do fogão doméstico se transformou em um belo unicórnio — como são chamadas, na gíria da indústria que se estabeleceu na Califórnia (EUA) e depois se espalhou pelo planeta, as startups que, coisa rara, atingem valor de mercado de ao menos 1 bilhão de dólares.

Os irmãos, ressalve-se, foram além do bilhão. No último dia 5, logo depois da primeira rodada aberta a investidores, a Wildlife recebeu a suntuosa avaliação de 1,3 bilhão de dólares (um recorde para a estreia de uma empresa nacional). Qual foi a estratégia para chegar a tal patamar? Explica Victor Lazarte: “Ninguém pensava em jogos para celular no começo da década. Percebemos a chance e queremos ser para os smartphones o que foi a Nintendo para os videogames”. Em outras palavras: eles souberam como caminhar para ocupar o novo terreno.

E estão próximos da meta: a Wildlife se destaca entre as dez maiores empresas do ramo em todo o planeta, com um quadro de 500 funcionários e escritórios em quatro países. Victor mora em São Francisco, na Califórnia; Arthur continua em São Paulo. A dupla costura animadamente os aportes financeiros que a fizeram grande. Para alcançar o bilhão unicorniano, seria preciso mostrar competitividade. No dia em que ficou famosa mundialmente, a Wildlife amealhou 60 milhões de dólares do fundo americano Benchmark, um dos mais renomados do mercado — grupo por trás de ícones do setor como Twitter, eBay e Uber. “Conseguir 60 milhões parece muito, mas não é tanto para a nossa empresa”, diz Victor. “O mais relevante foi receber o reconhecimento da indústria.”

CATÁLOGO – A desenvolvedora criou setenta títulos, com mais de 1 bilhão de adeptos em todo o mundo. Uma lista dos mais bem-sucedidos: Bike Race (no topo), o primeiro produto da empresa; Sniper 3D (acima), que chegou a ser o jogo de tiro mais popular de smartphones; e, à direita, Tennis Clash, novidade que se destacou entre os dez games mais baixados em 100 países

Continua após a publicidade

As fronteiras da Wildlife têm tudo para se expandir ainda mais. O potencial é enorme: jogos para smartphones faturam 70 bilhões de dólares por ano, o que representa quase metade de toda a indústria de videogames. Dentro dessa fatia, produtos da Wild­life, como os recentes Tennis Clash e Zooba, tornaram-se campeões entre os aplicativos mais baixados em cerca de 100 países. A startup paulistana conquistou a adesão de 1 bilhão de jogadores em todo o planeta.

“O Brasil se encontra hoje numa posição avançada em termos de investimentos. Podemos ter segurança de assinar cheques gordos, destinados a empresas que ainda estão em estágios iniciais”, afirmou o boliviano Marcelo Claure, CEO do braço da japonesa SoftBank responsável por gerir o maior grupo de investimentos em startups do mundo (com uma ampla gama de negócios no Brasil), em entrevista recente a VEJA. Até janeiro de 2018, quando a 99, de táxis, foi comprada pela chinesa Didi Chuxing, e se tornou a pioneira do clube das start­ups bilionárias do país, não existiam no Brasil os tais animais, exclusivíssimos, de um único chifre. Com a Wildlife, já são dez os unicórnios brasileiros. Para essa turma, crise é oportunidade, e uma expressão soa inexistente ou longínqua: game over.

Publicado em VEJA de 18 de dezembro de 2019, edição nº 2665

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.