Alemanha e Áustria criticam classificação de energia nuclear como “verde”
Documento da Comissão Europeia propõe a mudança e conta com o apoio da França, República Tcheca e Polônia

A decisão da Comissão Europeia de classificar o gás e a energia nuclear como “fontes verdes” em um documento divulgado durante o final de semana da virada do ano provocou reações contrárias dos governos da Alemanha e Áustria. Representantes dos dois países se manifestaram criticando a mudança.
A ministra para o Clima, Ambiente e Energia da Áustria, Leonore Gewessler, disse que a energia nuclear, além de perigosa, não representa uma solução para a luta contra as mudanças climáticas. “Examinaremos o rascunho atentamente e temos já pronto um parecer legal sobre essa inclusão”, afirmou.
Já o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, disse que é preciso abandonar a energia atômica por ela ser perigosa e não sustentável no longo prazo. E afirmou que o gás é visto pelo país como uma tecnologia de passagem, necessária apenas durante o tempo que for necessário para que outras formas de energia limpa estejam disponíveis em larga escala.
O pronunciamento da Alemanha foi feito no mesmo dia em que o governo fechou três de suas seis usinas atômicas remanescentes: Brokdorf, Grohnde e Gundremmingen. As plantas de Emsland, Isar e Neckarwestheim serão desativadas até o fim do ano. De acordo com o ministro da Economia e do Clima, Robert Habeck, o descomissionamento da usinas nucleares e a eliminação do uso de carvão até 2030 não afetará a segurança energética do país ou sua meta de tornar a maior economia da Europa climaticamente neutra até 2045.
Para a Comissão Europeia, a inclusão das duas fontes de energia como “verdes”, permitindo, assim, seu financiamento, faria com que as metas de sustentabilidade da Europa para a redução dos gases que provocam o efeito estufa seriam atingidas. França, Polônia e República Tcheca estão entre as nações que defendem o documento.