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Vírus se alastra e SP vai fracionar vacina contra febre amarela

Diferentemente de dose integral, versão fracionada só protege por até nove anos; medida é considerada necessária para imunizar número maior de pessoas

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 4 jun 2024, 17h51 - Publicado em 3 jan 2018, 08h34

O Estado de São Paulo vai passar a aplicar doses fracionadas de vacina contra febre amarela no próximo mês. A medida, que também deve ser seguida pelos estados do Rio de Janeiro e da Bahia, é adotada após a constatação de que a circulação do vírus se alastra e ameaça regiões até então consideradas livre de risco da doença.

Portanto, para não faltar imunizante, a ideia é “repartir” as doses. Entre as regiões que entraram no planejamento da vacina está o litoral norte paulista. A dose fracionada, porém, é mais fraca do que a oferecida hoje: protege por até nove anos, enquanto a atual dura para a vida toda, conforme orienta a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Desde abril de 2017, o Brasil adota o procedimento de vacinar, com a dose integral, uma única vez.

Apesar do prazo de nove anos da versão fracionada, a nova estratégia em análise ganhou força depois de estudos da Comissão Nacional de Imunização, que mudaram o entendimento de que a duração seria de apenas um ano.

O coordenador do Controle de Doenças de São Paulo, Marcos Boulos, estima que a validade pode ainda aumentar. “Essas pessoas continuam sob avaliação. É possível que, no futuro, se veja que o prazo de proteção seja ainda maior que os nove anos agora constatados”, afirmou.

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Essa estratégia já foi usada em Angola, na África, durante uma epidemia da doença, com o aval da OMS. Ela começou a ser cogitada no país em março, quando alguns especialistas levantaram dúvidas sobre o processo e destacaram que a questão angolana envolvia febre amarela urbana – que não é registrada no Brasil desde 1942.

Justificativa

O objetivo é imunizar o maior número possível de pessoas. “Nossa ideia é fecharmos o ano com toda população do Estado vacinada”, afirmou o coordenador Marcos Boulos. Em São Paulo, 69% dos municípios não atingiram a meta de vacinar 95% da população.

O Brasil registrou entre julho de 2016 e junho do ano passado o maior surto de febre amarela da história, que afetou principalmente os estados do Sudeste. No período, foram notificados 779 casos em humanos e 262 mortes. Desde julho, houve 330 casos e uma morte.

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A vacinação com dose integral será mantida, mas para casos específicos. Ela será aplicada, por exemplo, em pessoas que vão viajar para países que exigem o certificado de vacinação contra febre amarela e nas ações desenvolvidas desde 2016 pela Secretaria da Saúde de São Paulo, em que equipes percorrem vilarejos, lugares onde há matas nativas e em que se oferecem de casa em casa a vacinação.

As doses fracionadas, com um décimo do que é aplicado na vacina integral, serão aplicadas em regiões específicas, em forma de campanha. Profissionais já estão sendo treinados e há colaboração da OMS. A aplicação é com material específico, semelhante à injeção de insulina.

Em São Paulo, a campanha com vacina fracionada será feita no início e no fim de fevereiro. O estado já recebeu nove milhões de seringas específicas. De acordo com Boulos, Rio e Bahia devem adotar uma política semelhante. Na Bahia, por causa do carnaval, a ideia inicial era a de organizar a campanha somente no fim de fevereiro.

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Litoral paulista

Deverão ser alvo da vacinação com doses fracionadas locais que historicamente eram considerados livres de risco da doença, mas que, com o avanço da circulação do vírus, podem tornar-se suscetíveis. No litoral norte de São Paulo, são cidades como São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba – e outras próximas, como Taubaté.

“Há registros de macacos infectados na Serra do Mar. É possível que no futuro não remoto tenhamos febre amarela chegando ao litoral paulista”, diz Boulos. Ele avalia que a estratégia não trará prejuízos. “A vacina produzida por Bio-Manguinhos apresenta uma concentração de imunogênico até 60 vezes superior ao que é considerado ideal”.

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