Vídeo mostra como bate o primeiro ventrículo artificial do mundo
Estrutura criada por pesquisadores da Universidade de Harvard abre caminhos para o desenvolvimento de corações artificiais para transplante
Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, deram um importante passo nos exaustivos trabalhos de recriar os complexos batimentos cardíacos e criaram o primeiro modelo de ventrículo – estrutura que bombeia o sangue – com células cardíacas alinhadas em movimento helicoidal, responsáveis pelo tipo de torção realizada pela estrutura em suas contrações. O achado, publicado da revista Science, abre caminhos para o desenvolvimento de corações artificiais para transplantes.
Replicar as estruturas do órgão, com o alinhamento das fibras musculares e o movimento realizado por elas é um desafio para pesquisadores. Com o estudo, além de desenvolver uma estrutura eficaz, eles puderam comprovar que este conjunto é essencial para que os ventrículos bombeiem sangue em grandes quantidades. Esta era uma questão debatida há, ao menos, 300 anos, quando estudiosos notaram o arranjo em espiral formado pelos músculos cardíacos.
Para desenvolver o ventrículo artificial, o grupo usou um dispositivo semelhante a uma máquina de algodão doce, onde foi colocada uma solução de polímero líquido que, ao se solidificar, formava fibras que eram depositadas em um coletor. Durante o processo, uma corrente de ar direcionada controlava o arranjo das fibras. “A equipe descobriu que, ao inclinar e girar o coletor, as fibras no fluxo se alinham e torcem em torno do coletor enquanto ele gira, imitando a estrutura helicoidal dos músculos cardíacos”, informou, em nota, a universidade.
Por fim, essas estruturas receberam células cardíacas de ratos e, dentro de uma semana, os ventrículos artificiais começaram a pulsar, reproduzindo a torção realizada pelo órgão.
“Este trabalho é um grande passo para a biofabricação de órgãos e nos aproxima de nosso objetivo final de construir um coração humano para transplante”, disse, em comunicado da universidade, Kevin Kit Parker, professor de bioengenharia e física aplicada e autor sênior do artigo.