Usuários jovens de maconha são mais propensos a desenvolver esquizofrenia
Associação é maior em homens jovens, indica nova pesquisa. Um terço dos casos poderiam ser evitados se não houvesse uso de maconha

De acordo com um estudo feito por pesquisadores do National Institutes of Health (NIH) da Dinamarca e publicado na revista Psychological Medicine, usuários frequentes de maconha são mais propensos a desenvolver esquizofrenia, principalmente em homens jovens.
O trabalho analisou registros de saúde de mais de 6 milhões de pessoas na Dinamarca nos últimos 50 anos. Estima-se que 30% dos casos de esquizofrenia entre homens de 21 a 30 anos poderiam ter sido evitados se o uso pesado de maconha fosse refreado, concluíram. Em 2021, a utilização frequente da maconha também desempenhou um papel central nos casos de desenvolvimento da condição, sendo 15% dos casos em homens, de 16 a 49 anos, e 4% das mulheres, na mesma faixa etária.
“À medida que o acesso a produtos potentes de cannabis continua a se expandir, é crucial que também aumentemos a prevenção, a triagem e o tratamento derecionado às pessoas que possam sofrer de doenças mentais associadas ao uso da maconha”, disse a diretora do NIDA e coautora do estudo, Nora Volkow. “As descobertas deste estudo são um passo nessa direção e podem ajudar a informar as decisões que os profissionais de saúde podem tomar ao cuidar dos pacientes ou os própros indivíduos sobre seu uso individual da cannabis”.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos definem o transtorno do uso de cannabis como a incapacidade de parar de usar maconha, apesar dos efeitos negativos na saúde e na vida social do usuário. Estudos referenciados pelo órgão estimam que cerca de 30% das pessoas que usam maconha desenvolvem transtornos e usuários frequentes têm 10% de chance de se tornarem viciados.
Em outra investigação publicada na revista científica Clinical Toxicology, um grupo de pesquisadores descobriu que o uso excessivo de cannabis aumentou drasticamente entre adolescentes nos Estados Unidos, desde os anos 2000: cerca de 245%. Esse levantamento aponta mais de 338 mil casos de uso indevido da substância entre americanos de 6 a 18 anos, por meio, principalmente, de produtos comestíveis.
Liberação
A liberação da maconha para uso recreativo no Canadá tornou o país o segundo no mundo a legalizar o uso da erva – o primeiro foi o Uruguai, em 2014 – e ampliou a lista para pelo menos 31 países que adotam uma postura mais liberal sobre o tema. Em outros, a maconha segue proibida, mas descriminalizada para o uso pessoal.
“O aumento na legalização da cannabis, nas últimas décadas, a tornou uma das substâncias psicoativas mais usadas no mundo, além de diminuir a percepção do público sobre seus danos. Este estudo contribui para nossa crescente compreensão de que o uso de cannabis não é inofensivo e que os riscos não são fixados em um ponto no tempo”, disse Carsten Hjorthøj, principal autor do estudo e professor da Universidade de Copenhague.