Relâmpago: Assine Digital Completo por 2,99

Verdades e mitos sobre a creatina, o suplemento mais procurado do mercado

Hoje, o principal motivo para tomar o produto é incrementar ou conservar a musculatura

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jan 2025, 14h35 - Publicado em 31 jan 2025, 06h00

Em 1832, o químico francês Michel Chevreul (1786-1889) descobriu um composto que poderia ser extraído das carnes e, em referência ao nome grego do alimento (kreas), batizou-o de creatina. Os experimentos com o nutriente seguiram em frente, sempre em fogo brando e sem causar tanto chamariz, até que, na década de 1990, dois estudos clínicos revelaram as vantagens de ingeri-lo aos praticantes de esportes. Em um primeiro momento, o suplemento ficou confinado ao mundo dos atletas e marombeiros. Agora, quase dois séculos depois de sua descrição, a creatina ganhou holofote nos centros de pesquisa, quebrou barreiras de público e viu sua demanda decolar entre os adeptos dos exercícios em geral.

O interesse se reflete nos números de buscas e vendas na internet. Desde 2020, a procura pelo termo no Google aumentou mais de quatro vezes, e, em 2022, o produto se tornou o item mais vendido pelo Mercado Livre. Nos últimos anos, o suplemento chegou a bater o famoso whey protein como ingrediente mais cobiçado pelos brasileiros que frequentam academias. Seguindo as leis da economia, a fome de creatina repercutiu no preço: há cinco anos, uma das marcas mais populares do país vendia um pote a 41 reais; hoje, o mesmo produto custa 110 reais.

arte creatina

O sucesso tem sua razão de ser, apesar dos mitos difundidos. “A maioria dos suplementos é ineficaz, mas a creatina é um dos mais estudados e está entre os poucos com benefícios fundamentados cientificamente”, diz o nutricionista Hamilton Roschel, do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da USP. Junto aos maiores especialistas no assunto do planeta, o professor brasileiro é um dos autores de uma nova revisão que consolida o que realmente se sabe sobre o suplemento em termos de segurança, efeitos e indicações. No trabalho, os experts ressaltam que os benefícios ao corpo ocorrem apenas entre quem sua a camisa (não, não há milagre!) e contrapõem crenças como a de que o pó ou as cápsulas afetariam a fertilidade ou causariam câncer.

Hoje, o principal motivo para tomar creatina é incrementar ou conservar a musculatura. Dentro do organismo, a substância ajuda a reciclar uma molécula envolvida no gasto energético, elevando ligeiramente a força e a potência muscular. “É um suplemento que deve ser mais direcionado a atletas, num contexto em que pequenos ganhos fazem diferença nas competições”, afirma o educador físico Bruno Gualano, outro professor da USP que assina a revisão. “Não quer dizer que ele não possa ser utilizado por amadores, mas, se eles depositarem todas as fichas na crea­tina, provavelmente se frustrarão.”

Continua após a publicidade
PESO-PESADO - Indicação: bem-vinda a quem faz exercício de maior intensidade
PESO-PESADO - Indicação: bem-vinda a quem faz exercício de maior intensidade (Body Building, Women, One Woman Only, Exercising, Only Women/Getty Images)

De fato, é preciso calibrar as expectativas antes de apelar ao produto. Os efeitos, registre-se, são limitados e observados apenas por quem pratica exercícios regularmente. Ainda assim, alguns grupos colhem mais vantagens com o uso orientado, caso de pessoas com restrições alimentares, vegetarianos e idosos. Isso porque, embora nosso corpo seja capaz de sintetizar esse conjunto de aminoácidos, a maior parte do que se obtém vem de alimentos de origem animal. No caso das pessoas mais velhas, que perdem massa magra de forma mais acentuada, a inclusão na rotina, acompanhada de sessões de musculação, ganha relevância.

Não significa que outros trunfos dignos de nota não venham à luz nos próximos anos. Hoje há uma série de estudos apurando o potencial da creatina no fortalecimento dos ossos, no suporte ao tratamento do câncer e até na melhora da cognição. Enquanto se aguardam os próximos capítulos dessa história, a recomendação é partir para o suplemento de preferência sob orientação profissional — é o que permitirá cravar se fará sentido ou não aderir ou manter o composto na rotina. Nesse sentido, cabe notar que, com a popularização da categoria, também surgiram itens adulterados ou que pecam em qualidade. “É fundamental verificar a reputação da marca antes de comprar”, diz a nutricionista esportiva Débora Moreira, de São Paulo. Vale uma checagem, por exemplo, na lista de produtos testados e aprovados pelas entidades mais confiáveis do mercado, assim como conferir a avaliação periódica divulgada pelas agências reguladoras. É assim, munidos de informação e com o devido cuidado, que a creatina pode virar uma parceira no treino.

Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

ECONOMIZE ATÉ 82% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 2,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$35,88, equivalente a R$ 2,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.