Vai pular Carnaval? Saiba como não estragar a folia por problemas de saúde
Além do filtro solar e roupas e calçados adequados, especialistas chamam a atenção para maquiagens, tinturas e até beijo na boca
O Carnaval está aí e para se certificar que alguns problemas de saúde, comuns nesta época do ano, não atrapalhem a folia, o ideal é se atentar às recomendações de especialistas. Afinal, é muito melhor curtir o feriado com conforto e segurança.
Fugindo da desidratação
A diminuição do volume da urina ou mais escura, mal estar e sensação de boca seca podem ser indicativos de desidratação. Por isso, é essencial prestar atenção aos sinais do corpo. “A desidratação acontece quando o corpo recebe menos água do que o necessário para funcionar, causando uma baixa concentração de substâncias importantes, como sais minerais e eletrólitos”, afirma Andrea Almeida, infectologista do Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual (Iamspe).
Além do baixo consumo de água, a perda de líquidos do corpo pode ser acelerada devido à transpiração, ao esforço físico da caminhada e da dança, pela alimentação inadequada, uso de roupas quentes e ingestão de bebidas alcoólicas, que inibem a produção do hormônio antidiurético e aceleram a desidratação. Em razão disso, devem ser consumidas com moderação e de forma concomitante com água. “Mesmo que uma cerveja, por exemplo, passe a sensação de frescor por estar gelada, ela não está hidratando seu corpo, é preciso ficar atento”, alerta Andrea.
A ressaca, inclusive, também pode ser um sintoma de desidratação, então é importante caprichar na ingestão de água antes, durante e após as festas, além de descansar bastante e fazer refeições leves.
Sambando com a mão na consciência
Vale lembrar ainda que a bebida alcoólica é responsável pela diminuição da atividade do sistema nervoso central (SNC), deixando o folião mais cansado, desatento e com os reflexos mais lentos. Outro impacto importante da bebida é a perda de controle dos impulsos. “O juízo de valor é afetado, então, a pessoa faz escolhas perigosas, como sexo casual sem preservativo. Diante disso, caso opte por ingerir cervejas ou drinques, faça com consciência”, alerta Maria Júlia Francischetto, psiquiatra do Hospital do Servidor Público Estadual, ligado ao Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe).
Outras causas de desidratação podem estar associadas ao uso de drogas estimulantes como êxtase ou o “MD”, pois aumentam a temperatura do corpo. Esse efeito das drogas associado ao calor esperado para os dias de festa facilita a perda de líquidos corporais, oferecendo riscos à saúde. Logo, o cuidado durante os dias de folia devem ser redobrados.
Para quem for dar uns beijos
Beijar na boca (e muito!), para alguns, faz parte da folia carnavalesca. Porém, o contato íntimo com a saliva pode ser responsável pela transmissão de algumas doenças infecciosas. Além dos vírus causadores de resfriados, o caso mais comum é a da mononucleose, conhecida popularmente como a doença do beijo, causada pelo vírus Epstein-Barr.
A condição pode se manifestar de forma assintomática, mas, caso apresente sintomas, eles se assemelham aos de outras doenças infecciosas e incluem febre, mal-estar e dor de garganta. A diferença é que também pode haver a presença de manchas vermelhas pelo corpo e o aumento no tamanho dos gânglios, principalmente no pescoço, além de aumento do fígado e baço, nos casos mais graves.
“A maior parte dos sintomas deve regredir em alguns dias, mas o cansaço físico pode durar semanas e, nos casos mais graves, meses. De modo geral, o tratamento consiste apenas nos cuidados aos sintomas caso seja necessário”, afirma Josias Oliveira Aragão, infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), principal unidade do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe).
Além da mononucleose, o herpes labial, é outra doença comum nessa época, que exige atenção. Ele é caracterizado pelas pequenas e dolorosas bolhas nos lábios. “Por via de regra, as lesões duram menos de uma semana e seus sintomas podem ser abreviados com o uso de medicamentos prescritos por um médico”, explica Oliveira Aragão. De modo geral, o melhor é se divertir com moderação, responsabilidade e se ater aos sinais do corpo.
Cuidado com as maquiagens emprestadas
Além dos beijos, o compartilhamento de batons pode facilitar a transmissão de herpes labial. O porquê está no contato entre o item com a boca de quem carrega o vírus. “Ao passar o produto nos lábios, o vírus fica em sua superfície e ao emprestá-lo a outra pessoa, ocorre a infecção” explica Andrea Almeida
Outras maquiagens, escova de dente e lâmina de barbear são itens que também merecem atenção. A especialista lembra que “o herpes labial pode ser transmitido mesmo quando o paciente não apresenta sintomas. Por esse motivo, o ideal é evitar emprestar produtos pessoais”.
Para evitar acidentes durante a folia
O calçado adequado pode ajudar a evitar torções do tornozelo, pé ou até mesmo quedas na rua durante o Carnaval. Para isso, o folião deve escolher sapatos confortáveis, com o solado firme e com textura para dificultar acidentes e escorregões. Além disso, claro, é essencial se atentar às eventuais irregularidades do chão.
Já o salto alto, por mais que seja a escolha de muitos durante as festividades, é melhor ser evitado. “Esses sapatos, principalmente os com mais de 5 centímetros de salto, afetam o centro de equilíbrio do corpo e geram instabilidade”, explica Wellington Farias Molina, ortopedista do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe). “O problema é que a musculatura dos membros inferiores pode não suportar o excesso de esforço ou não ter um condicionamento físico suficiente, o que facilita a ocorrência de lesões”, complementa.
Para quem for se pintar
Vermelhidão, irritação cutânea e dermatite de contato estão entre os principais sintomas ao utilizar produtos que possam conter substâncias tóxicas, com alumínio e metais em sua composição, como é o caso do spray e tinta corporal, muito utilizado entre os foliões que pulam carnaval de rua. O mesmo ocorre para tintas temporárias de cabelo e maquiagens.
A recomendação é selecionar bem os produtos que vão ser utilizados, e dar preferência aos que contenham menor quantidade de metais em sua composição, bem como usar com moderação, para não irritar a pele e não impedir a sudorese natural do corpo, já que, uma vez que os poros são obstruídos, há maiores chances de causar abscessos e furúnculos.
“Uma boa alternativa é verificar se o produto tem registro na Anvisa (Agência NAcional de Vigilância Sanitária) e seguir o rótulo, com as orientações, prazo de validade e contraindicações, além de fazer um teste alérgico antes de utilizá-los”, afirma Mario Cézar Pires, médico dermatologista do HSPE, ligado ao Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe)
O uso de glitter também pode gerar problemas na pele. “Glitter pode sim provocar dermatite de contato, principalmente em áreas sensíveis como região de olhos e nariz. Ao escolher esse produto, dê preferência aos específicos de maquiagem, que são feitos de plástico não-tóxico. Usar demaquilante bifásico para remover a maquiagem após a folia é indicado”, explica Franklin Veríssimo, médico Especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP.
Cuidados com cola instantânea de cílios e unhas
Unhas e cílios compridos e extravagantes são apostas frequentes na época de carnaval. No entanto, a cola instantânea, utilizada na aplicação desses produtos, tem chamado a atenção da Anvisa que emitiu nesta terça-feira, 9, um alerta destacando os perigos do uso de colas instantâneas para procedimentos de beleza.
O órgão tem recebido queixas de pessoas com reações alérgicas, irritação e ardência, todas causadas pela utilização de colas não regularizadas para fins cosméticos. Em função disso, a recomendação da Anvisa é a suspensão imediata do uso desses produtos em procedimentos de beleza. Tanto os profissionais quanto os consumidores devem se atentar ao uso indevido das colas das marcas Super Bonder, TekBond e Three Bond Super Gel, pois são originalmente destinadas a aplicações não cosméticas, como fixação de materiais de construção.
E para finalizar, não esqueça o protetor solar!
Proteção solar é fundamental, ainda mais para os foliões que passam o dia nos bloquinhos, onde o sol vem com tudo. Sendo assim, o indicado é já sair de casa protegido com filtro no rosto e no corpo. Melhor ainda usando chapéus e óculos escuros – que podem, inclusive, complementar o look.
“Todos os protetores solares, sejam eles químicos ou físicos, atuam impedindo que a radiação UVB e UVA atinjam as camadas superficiais e profundas da pele. Então, evita que danifiquem o DNA das células. Utilize sempre uma camada espessa de filtro solar com fps maior do que 50 e repasse ao longo do dia.”, afirma Ana Paula Fucci , membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Européia de Dermatologia (EADV).