Teste de dez segundos aponta risco de morte em sete anos
Análise de equilíbrio feita por brasileiros em pacientes de meia-idade e idosos pode ser utilizada para predizer mortalidade por qualquer causa

Ficar equilibrado em apenas um pé por dez segundos – ou um pouco mais – pode parecer algo insignificante, mas pesquisadores brasileiros descobriram que este pode ser um teste de longevidade. Após analisar um grupo de 1.702 pessoas na faixa dos 51 aos 75 anos no período de 2008 a 2020, eles concluíram que a incapacidade de se manter em equilíbrio estava relacionada à mortalidade por todas as causas.
O estudo, publicado em junho no periódico British Journal of Sports Medicine, foi encabeçado pela Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex), no Rio de Janeiro, e contou com a participação de instituições de pesquisa da Finlândia, do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Austrália. Dos voluntários, 68% eram homens e, do total de participantes, 20,4% não conseguiram se manter na postura pelo tempo estipulado.
No acompanhamento médio pelo período de sete anos, os pesquisadores observaram que 7,2% dos participantes morreram, dos quais 4,6% conseguiram se manter equilibrados em um pé por dez segundos e 17,5% não completaram o exercício.
A opção de teste para apontar a longevidade é importante, tendo em vista o declínio do equilíbrio a partir dos 50 anos, algo que pode levar a quedas e complicações posteriores para a população de meia-idade e idosa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as quedas são a segunda principal causa de mortes por lesões não intencionais no mundo, levando a cerca de 684 mil óbitos por ano. Anualmente, ocorrem 37,3 milhões de quedas com gravidade que leva à necessidade de auxílio médico.
“A capacidade de completar com sucesso a postura de uma perna de dez segundos adiciona informações prognósticas relevantes além da idade, sexo e vários outros fatores antropométricos e clínicos variáveis. Existe um benefício potencial em incluir (o teste) como parte do exame físico de rotina em adultos de meia-idade e idosos”, concluem os pesquisadores.