Terapia celular reduz em 74% risco de progressão de mieloma múltiplo
Estudo apresentado na ASCO aponta benefício para pacientes com câncer hematológico que não respondem mais ao tratamento convencional
Técnica considerada revolucionária na oncologia, a terapia com células CAR-T demonstrou capacidade de reduzir em 74% o risco de progressão do mieloma múltiplo, tipo de câncer hematológico, em pacientes que não respondem mais ao tratamento convencional. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira, 5, na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), o evento mais importante de oncologia do mundo, realizado em Chicago, nos Estados Unidos.
No método, uma das células de defesa do corpo, o linfócito T, são treinadas para reaprender a identificar e destruir as células cancerígenas. Em um ensaio clínico de fase 3 com 419 pacientes de 16 países, os pesquisadores testaram a terapia Ciltacabtagene autoleucel (de nome comercial Carvykt) em casos em que o tratamento padrão, com uso do medicamento lenalidomida, não fazia mais efeito.
A redução no risco de avanço da doença foi observada após 16 meses de acompanhamento. O grupo de cientistas também notou que o percentual de pacientes que responderam ao tratamento também foi maior no braço que recebeu a terapia: 84,6%. No tratamento padrão, o índice foi de 67,3%.
“Esses achados mostram que o ciltacabtagene autoleucel é altamente eficaz em pacientes com mieloma múltiplo refratário à lenalidomida logo após a primeira recaída”, explicou, em comunicado, Binod Dhakal, autor do estudo e membro do Medical College of Wisconsin.
Onco-hematologista e líder do programa de Terapia Celular do Grupo Oncoclínicas, Renato Cunha classificou o resultado do estudo como “impactante”. “É um estudo que traz, de fato, algo novo no tratamento dos pacientes com mieloma múltiplo.”
Cunha explica que esse tipo de câncer ocorre em células da medula óssea chamadas plasmócitos, que fazem parte do sistema imunológico. “Essa célula é extremamente resistente. Por isso, tratar o mieloma múltiplo é um desafio.”