Substância encontrada em cosméticos aumenta risco de parto prematuro
Estudo diz que reduzir esses produtos químicos em 50% poderia prevenir partos prematuros em 12%
Um novo estudo do National Institute of Health, publicado no JAMA Pediatrics, descobriu que algumas substâncias químicas presentes em cosméticos, solventes, detergentes e embalagens de alimentos pode aumentar o risco de parto prematuro. Segundo a pesquisa, mulheres grávidas que foram expostas a alguns desses disruptores endócrinos, durante a gravidez, apresentaram esse quadro.
“Os pesquisadores descobriram que as mulheres com concentrações mais altas de vários metabólitos de ftalatos na urina eram mais propensas a dar à luz a seus bebês prematuros, de maneira geral em três ou mais semanas antes da data prevista”, explica Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Ter um parto prematuro pode ser perigoso tanto para o bebê quanto para a mãe, por isso é importante identificar os fatores de risco que podem evitá-lo. Bebês que nascem antes da época, ainda não estão totalmente formados e podem ter alguns problemas graves, em especial, respiratórios. No levantamento, os pesquisadores reuniram dados de 16 estudos realizados nos Estados Unidos que incluíram dados sobre metabólitos de ftalatos urinários pré-natais e momento do parto de um total de 6.045 mulheres grávidas que deram à luz entre 1983 e 2018. Dessas, 9% das mulheres tiveram parto prematuro. Metabólitos de ftalatos foram detectados em mais de 96% das amostras de urina. “As descobertas mais consistentes foram para a exposição a um ftalato que é comumente usado em produtos de cuidados pessoais, como esmaltes e cosméticos”, explica o especialista.
Os pesquisadores também descobriram que reduzir a mistura de níveis de metabólitos de ftalatos em 50% poderia prevenir partos prematuros em 12%, em média. “Intervenções direcionadas a comportamentos, como tentar selecionar produtos de higiene pessoal sem ftalatos (se listados no rótulo), ações voluntárias de empresas para diminuir em seus produtos ou mudanças nos padrões e regulamentações podem contribuir para a redução da exposição e proteger as gestações”, diz o médico. “É difícil para as pessoas eliminar completamente a exposição a esses produtos químicos na vida cotidiana, mas os resultados mostram que mesmo pequenas reduções em uma grande população podem ter impactos positivos tanto para mães quanto para seus filhos”, finaliza o médico.