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Socorristas em saúde mental: curso on-line é lançado por hospital

Iniciativa visa a fornecer ferramentas para intervenção em crises, alinhando-se à demanda por serviços de suporte emocional no setor privado

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 jun 2024, 19h00

Ansiedade, depressão e demais sofrimentos mentais estão em curva crescente em todo o mundo, processo que se agravou durante e depois da pandemia de covid-19. A demanda por profissionais também está aumentando e é neste cenário que será lançado, nesta segunda-feira, 10, o curso on-line de Formação de Socorristas em Saúde Mental. A iniciativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, localizado em São Paulo, está na terceira edição e tem como público alvo  profissionais que desejam aprender a identificar e apoiar situações de conflito causadas por transtornos mentais. Pela primeira vez, as inscrições estão abertas para profissionais individuais.

Com duração de três semanas e carga horária de 16 horas, o curso oferece capacitação para a prevenção do sofrimento mental em ambientes coletivos, de trabalho ou familiares. Segundo a instituição, o curso já formou cerca de 150 socorristas de diversas empresas e do próprio hospital desde sua criação, em 2021, durante a pandemia. 

As aulas são ministradas por médicos do corpo clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e por especialistas convidados, abordando temas como sinais e sintomas de transtornos mentais, impactos da alimentação e do estilo de vida na saúde emocional, e estratégias anti-burnout no ambiente de trabalho. A iniciativa é pioneira no país e foi desenvolvida com base em um modelo de treinamento feito na Austrália e no Canadá. 

A formação é dividida em quatro módulos, que incluem tópicos como sustentabilidade emocional, segurança psicológica e gestão de conflitos. O conteúdo programático inclui impacto dos transtornos mentais, técnicas de intervenção e comunicação não violenta. Valores podem ser encontrados no site do hospital.

Como a saúde mental movimenta o mercado privado

A necessidade de iniciativas como essa é evidenciada por dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2023, que mostram que 63% dos brasileiros sofrem com ansiedade, 37% têm estresse severo e 59% apresentam quadros de depressão. Apontando na mesma direção, um levantamento da consultoria Alvarez & Marsal aponta um crescimento anual de 12 a 15% nos últimos quatro anos em atendimentos de saúde no Brasil devido a transtornos mentais. Estes, inclusive, já são apontados como a terceira principal causa de doença no país, após as doenças cardiovasculares e as oncológicas. 

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Ao mesmo tempo, houve, na rede pública, redução de leitos psiquiátricos públicos a partir de 2001, quando foi promulgada a reforma psiquiátrica com foco na desospitalização, a priorização de tratamentos via Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a redução de internações psiquiátricas desnecessárias. Esse movimento deu espaço para que o mercado, por sua vez, ocupasse um lugar de maior destaque no cuidado da saúde mental. 

De acordo com levantamento da consultoria, em 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) respondia por 27.200 dos leitos psiquiátricos no Brasil, o equivalente a 63,3%. Em 2023, caiu para 23.600 — ou 54,3%  —, sendo os outros 45,7% geridos pela iniciativa privada que criou, neste intervalo de seis anos, mais 3.500 leitos.

Já as projeções de mercado de 2022 para 2030 sinalizam estimativa de crescimento de 11% nas consultas psiquiátricas ambulatoriais oferecidas por operadoras de saúde. Assim, iniciativas como a do Hospital Alemão Oswaldo Cruz parecem ganhar mais destaque e visibilidade à medida que os cuidados de saúde mental se desestatizam.

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