Segundo país que mais realiza transplantes, Brasil tem 59 mil na fila
Recusa familiar é um dos principais problemas para a realização dos procedimentos. Ministério da Saúde lança campanha para incentivar doação de órgãos
Nesta terça-feira 27, Dia Nacional da Doação de Órgãos, o Ministério da Saúde lançou uma campanha nacional de incentivo à doação de órgãos com o objetivo de conscientizar sobre a importância dos transplantes. Também sobre a relevância de conversar e manifestar o desejo da doação para os familiares, que tomarão essa decisão. “A doação de órgãos é um ato voluntário que beneficia muitas pessoas”, afirma André Ibrahim David, médico cirurgião do aparelho digestivo e chefe do Serviço de Transplante Hepático da Beneficência Portuguesa e do Hospital Samaritano. (veja o vídeo).
Atualmente, O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza transplantes, ficando atrás dos Estados Unidos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, foram realizados aproximadamente 23,5 mil transplantes, sendo 4,8 mil de rim, 2 mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão, entre outros. Mais de 12 mil procedimentos foram feitos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, o principal motivo que impede a doação de órgãos no país, segundo uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é a recusa familiar. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), só no ano passado, 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada. Em 2022, esse número subiu para mais de 45%. Vale ressaltar que um único doador pode salvar a vida de várias pessoas, pois é possível doar mais de um órgão, além de tecidos.
Hoje, o Brasil tem mais de 59 mil pessoas na fila de espera por um órgão, sendo mais de mil, pacientes pediátricos. Essa lista é única, organizada por estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e pelo SUS. Ao ser doado, o órgão vai para pacientes que devem receber assistência integral e gratuita da rede pública de saúde. Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que possuem o menor tempo de preservação fora do corpo: de 4 a 6 horas, seguidos pelo fígado e pâncreas, com tempo máximo para transplante de 8 a 16 horas. Os rins podem levar até 48 horas para serem transplantados, as córneas mantêm boas condições por até sete dias e os ossos, até cinco anos.
O país possui uma central nacional de doações no Ministério da Saúde e 27 centrais estaduais de transplantes. O sistema nacional inclui 648 hospitais, 1.253 serviços e 1.664 equipes de transplantes habilitados. A pasta também disponibiliza uma ferramenta de visualização de dados sobre a lista de espera e os transplantes de órgãos realizados em 2022, atualizada semanalmente.