Saiba qual cirurgia está transformando a vida de transgêneros masculinos
Procedimento remove tecido mamário e melhora significativamente a disforia torácica e a imagem corporal

Um estudo, publicado na revista JAMA Pediatrics aponta que a chamada “top cirurgia” ou cirurgia de topo, um procedimento de mastectomia que remove o tecido mamário – melhora a qualidade de vida de adolescentes e jovens adultos transmasculinos. Segundo os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Northwestern, em Chicago, nos Estados Unidos, a cirurgia “está associada a uma melhora significativa na disforia torácica, congruência de gênero e imagem corporal em adolescentes transmasculinos e não binários e adultos jovens”.
O estudo comparou dois grupos de jovens transgêneros com idades entre 14 e 24 anos. O primeiro, com 36 pacientes, realizou a cirurgia e o outro, um grupo controle de 34 pacientes, recebeu apenas cuidados de afirmação de gênero. Três meses após o procedimento, os participantes que o fizeram apresentaram muito menos disforia torácica, diferente dos voluntários do grupo controle que não mudaram os níveis de disforia torácica do início do tratamento. “Quando comparamos os resultados dos pacientes que receberam a cirurgia de afirmação de gênero com aqueles que não a realizaram, reconhecemos que o procedimento melhorou significativamente a qualidade de vida deles”, afirmou Sumanas Jordan, diretor do programa de gênero da Universidade Northwestern e principal autor do estudo.
Outras pesquisas demonstraram que a disforia torácica é uma fonte de sofrimento aos transmasculinos. “Isso foi bem documentado em pacientes adultos, mas até agora não havia sido descrito em adolescentes e adultos jovens”, disse Jordan. “É importante poder ter evidências e tratá-las não com base na ciência e na medicina”, completou.
O acesso à cirurgia, porém, é tema de discussão. Mesmo com estudos sugerindo que a cirurgia de remoção de mama melhora o bem-estar de adolescentes transgêneros, os dados ainda são escassos e alguns líderes políticos se opõem a tais procedimentos para menores de idade, como descreveu um artigo publicado no The New York Times, na segunda-feira, 26. “Os pacientes que escolhem a cirurgia de afirmação de gênero se sentem melhor com seus corpos e isso melhora sua qualidade de vida”, explicou Jordan. “Nossa esperança é que este estudo agora seja usado como um recurso para adolescentes, adultos jovens e para famílias que desejam aprender mais sobre as opções de transição cirúrgica”, finalizou o pesquisador.