Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana

Saiba por que as cesáreas têm corte vertical no Japão

No Japão, o corte da cesárea é feito na vertical devido a questões culturais. Em outros países, a técnica é utilizada apenas em situações de risco

Por Da Redação
12 jun 2017, 17h25

O Brasil é um dos países líderes em cesariana no mundo, sendo 55% dos partos realizados pelo procedimento cirúrgico. O corte no abdômen tem pelo menos 10 centímetros e é feito na horizontal. No entanto, em muitas maternidades de países asiáticos, como Japão, China e Coreia do Sul, a cicatriz pós-parto é vertical, mesmo fora de situações de risco.

De acordo com informações da BBC Brasil, no Japão, o corte longitudinal ainda persiste devido a questões culturais. “Seria uma quebra de paradigma mudar algo que vem dando certo há tanto tempo. Além disso, a mulher japonesa tendia a se preocupar menos com a estética, o que atualmente já não é verdade”, explicou Cleber Sato, médico obstetra e autor de O Guia da Gravidez no Japão, livro dedicado às brasileiras que moram no país.

Situações de risco

Em muitos países, o corte vertical é realizado apenas em situações emergenciais ou arriscadas para a mãe ou para o bebê. Isso porquê, nessa direção, a incisão confere maior rapidez e facilidade à cirurgia devido à localização dos músculos abdominais e ao acesso ao útero. “O corte sendo feito de forma vertical no abdômen propicia menos sangramento, pois temos a chamada linha média unindo os músculos abdominais e as fáscias, que são como continuações dos músculos bem no meio da barriga”, disse Sato.

Segundo Elza Nakahagi, autora do Dicionário de Termos Médicos, em português e japonês para ajudar pacientes brasileiros a se comunicarem com médicos no Japão, em entrevista à BBC, o procedimento é indicado também para parto prematuro e quando a placenta está localizada na parte inferior do útero e há risco quando feito o corte horizontal.

Brasileiras no Japão

Luciana mora no Japão há dez anos e teve dois filhos de parto natural, mas o nascimento de sua terceira filha, hoje com nove meses de idade, foi diferente. “A bolsa estourou, estava com contrações, mas o bebê não tinha virado e o médico optou pela cesárea na última hora.  “Deram a anestesia, fizeram o parto e fiquei uma semana ainda internada. Só fui perceber que o corte estava na vertical quando estava para sair do hospital.”, contou à BBC Brasil.

Continua após a publicidade

Apesar da falta de comunicação, acabou se conformando com o resultado. “Depois fui questionar o médico, mas ele me explicou que o bebê já estava sufocado e precisava ser feita a cirurgia de forma rápida. Não me importo com a cicatriz, pois era para o bem da minha filha. Ficou feia, mas a questão estética não é um problema para mim”, concluiu.

Há 20 anos, Samanta Yoshida passava pelo mesmo procedimento no parto de seu filho único. O médico japonês explicou que faria o corte na vertical e Samanta afirma não ter vergonha do resultado, apesar da cicatriz.

“Fiz a cesárea porque passou a data prevista para o nascimento, não havia dilatação nenhuma e o bebê estava crescendo demais. A minha cicatriz é grande e ficou um buraco na parte de cima, então brinco que tenho dois umbigos”,  disse.

Continua após a publicidade

Questão estética

No entanto, para muitas mães, a cicatriz é incômoda, e muitas mulheres deixam de usar roupas curtas ou ir à praia por conta de suas marcas. A brasileira Cristina Naomi Hatori, por exemplo, contou que mesmo depois de nove anos do nascimento de sua primeira filha, ainda evita mostrar a barriga por razões estéticas. “Era um parto prematuro e já estava sabendo que seria feito um corte vertical. Fui dopada e, quando acordei, vi o curativo, mas nem liguei para aquilo.”

Há um ano, Cristina teve sua segunda filha e pediu para que fizessem o corte no mesmo lugar do anterior, mesmo o hospital permitindo que escolhesse o procedimento horizontal. “Não ia gostar de ter duas cicatrizes”, explicou.

As marcas também podem ir muito além da aparência, tanto na vertical quanto na horizontal. Antigamente, segundo Cleber Sato, quando a mulher japonesa não conseguia dar à luz de parto natural ela era considerada “fraca”. “A marca da cesárea seria um sinal dessa ‘fraqueza’. Por este motivo, a mulher que tem esta cicatriz não costuma mostrá-la por vergonha”, explicou.

Continua após a publicidade

Cesariana pelo mundo

Apesar da polêmica, o Japão está entre os países com menor percentual de partos por cesárea na Ásia, com 19,8% de partos anuais, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O país com maior índice é a Coreia do Sul, com uma taxa de 36%. Enquanto isso, apesar de apenas 25% dos partos na China serem cesariana, 32% devem-se a datas previamente programadas pelas mães. Devido a crenças populares, a escolha do dia do nascimento é muito importante e as famílias chinesas costumam estar presentes no momento do parto.

No ranking de países com maior percentual de partos por cesárea, o Brasil está em segundo lugar com 55,6%, seguido pelo Egito (51,8%), Turquia (50,4%) e Irã (47,9%). O primeiro lugar é da República Dominicana, onde a taxa é de 56,4%.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.