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Remédio para hipertensão pode prevenir ataques de pânico, diz estudo

Pesquisa com ratos mostrou que o efeito é da amilorida, princípio ativo comum no tratamento da pressão alta

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 17h16 - Publicado em 14 set 2018, 16h13

Pesquisadores canadenses encontraram uma nova maneira de aliviar os sintomas de ansiedade e ataques de pânico, especialmente aqueles despertados por traumas na infância: inalar medicamento para pressão alta. O novo estudo, publicado recentemente no Journal of Psychopharmacology, descobriu que a amilorida, fármaco com função anti-hipertensiva e diurética, foi bem sucedida em aliviar os sintomas em camundongos utilizados durante teste pré-clínico.

A descoberta pode trazer esperança para mais de 9,3% da população brasileira que sofre com o problema e oferecer novas alternativas de tratamento, que hoje incluem psicoterapia e medicação (antidepressivos).

Transtorno do pânico

Segundo especialistas, a síndrome é caracterizada por crises de pânico que acontecem em situações inesperadas e envolvem intenso medo de morrer, de perder o controle ou enlouquecer. Outros sintomas comuns são: taquicardia, sudorese, tontura, enjoo, respiração curta, entre outros. Por causa do distúrbio, muitas pessoas deixam de frequentar alguns lugares que possam desencadear um ataque.

A aparição do transtorno está associado a fatores de riscos hereditários e experiências traumáticas na infância como a morte na família ou separação dos pais, situações que podem afetar profundamente o psicológico da criança e também apresentar efeitos moleculares e genéticos. Apesar dos tratamentos disponíveis, existem poucas opções seguras e eficazes que fornecem alívio imediato para os sintomas.

Influência do trauma

De acordo com os pesquisadores do Centro de Dependência e Saúde Mental (CAMH, na sigla em inglês), no Canadá, experimentos realizados em ratos mostraram que quando separados repetidamente da mãe os filhotes em fase de amamentação podem apresentar modificações epigenéticas, caracterizado por alterações no DNA que podem ativar ou desativar alguns genes sem interferir na sequência do DNA.

Pesquisa anterior já havia revelado que traumas na infância pode afetar o gene do canal iônico sensível a ácidos – aumentando a expressão do RNA mensageiro, responsável pela transferência de informações do DNA até o citoplasma celular. Além disso, essa alteração pode elevar a sensibilidade à dor e a sensibilidade respiratória ao dióxido de carbono (CO2) presente no ar (a análise avaliou mistura de ar e CO2 a 6%). Essas mudanças fisiológicas podem gerar sintomas físicos como dificuldade para respirar e hiperventilação, marcadores comuns aos ataques de pânico.

Diante dessas informações, os cientistas levantaram a hipótese de que uma medicação capaz de inibir os canais iônicos sensíveis a ácidos também pode reduzir sintomas desencadeados pelas alterações no funcionamento desses canais. Esta seria a amilorida, usado no tratamento da hipertensão.

Inalação da amilorida

Para testar a hipótese, a equipe administrou a substância (nebulizada) via inalação, o que permitiria que o medicamento chegasse imediatamente ao cérebro dos camundongos. Os resultados observados indicam que em sua forma inalada, uma dose de amilorida melhora sintomas respiratórios e controla a sensibilidade a dor provocados pelo ataque de pânico.

“A inalação da amilorida provou-se benéfica no tratamento da síndrome do pânico, que é tipicamente caracterizada por crises de falta de ar e medo desencadeados pelos níveis elevados de ansiedade”, explicou Marco Batagglia, um dos autores do estudo, ao Medical News Today.

Os pesquisadores esperam que as descobertas preliminares estimulem novas pesquisas sobre o uso da amilorida no controle de alguns transtornos de ansiedade, como é o caso da síndrome do pânico que, se não tratada adequadamente, pode evoluir para depressão. Especialistas explicam que essa evolução ocorre apenas em alguns casos e pode estar relacionada ao fato de que em qualquer transtorno de ansiedade, o indivíduo passa por muito estresse e, por conta disso, pode progredir para um problema mais grave.

O próximo passo da equipe é realizar estudos clínicos em humanos.

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