Procrastinação pode levar a problemas de saúde física e mental
Estudo feito com estudantes detectou a piora de quadros depressivos e dores físicas em pessoas mais propensas a esse tipo de comportamento

Um ambiente de maior liberdade para definir e organizar a rotina pode ser o sonho de muitas pessoas, mas pode ser o pesadelo de procrastinadores habituais. A procrastinação, ato de postergar ou atrasar tarefas, em ambientes universitários, por exemplo, pode chegar a níveis prejudiciais ao aprendizado. Adiar tarefas ao limite pode ter outros efeitos negativos, resultando em níveis mais altos de estresse, estilos de vida pouco saudáveis e adiamentos de consultas de rotina e acompanhamento médico.
Embora a associação entre procrastinação e adoecimento possa ser feita, é difícil definir com clareza quem causa o que. A procrastinação é um fator para problemas de saúde física e mental ou o contrário, a precariedade da saúde física e mental leva a cenários propícios à procrastinação. Um estudo feito com estudantes universitários da Suécia busca esclarecer a questão. Publicado no periódico JAMA Network Open, o trabalho recrutou voluntários com fortes tendências à procrastinação e acompanhou o estado de saúde deles por nove meses.
Foi aplicado um questionário em que se estabelecia uma escala de procrastinação e os índices de saúde de alunos com maior tendência a esse tipo de comportamento foi comparado com os de menor propensão a adotar esses hábitos. Os resultados mostraram que entre os maiores procrastinadores havia sintomas mais fortes de depressão, ansiedade e estresse ao final do período de acompanhamento. Entre esses, também haviam mais relatos de dores incapacitantes nos ombros e/ou braços, pior qualidade de sono, maior sensação de solidão e mais dificuldades financeiras. Ao se incluir outros indicadores, como idade, sexo, escolaridade dos pais, e problemas físicos ou mentais anteriores, a associação entre adoecimento e procrastinação permaneceu mais forte entre os que tem maior tendência ao comportamento.
Os dados apontados não são definitivos, nem apontam para uma maior tendência a doenças quando pessoas estão propensas à procrastinação, mas sugere que a procrastinação é um fator de interferência em quadros de piora em determinados índices de saúde, incluindo o declínio da saúde mental, dores incapacitantes e adoção de um estilo de vida pouco saudável.
O estudo começou acompanhando 3.525 alunos, dos quais 2.587 permaneceram até o final da coleta de dados. O questionário detectou estágios de procrastinação desde o começo do experimento e aplicou questionários constantemente ao longo de nove meses para detectar as variações nos quadros de saúde e procrastinação.