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Prevent Senior: do epicentro de mortes da Covid-19 à recuperação

Com o aumento do número de óbitos pela doença no país, o plano de saúde saiu da UTI

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h48 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00

Um dos maiores planos de saúde do país e o único totalmente dedicado a atender o público de terceira idade, a rede Prevent Senior amargou um bom tempo na UTI de uma grave crise de imagem provocada pelas notícias assustadoras que saíam de seus hospitais no início da pandemia. Em março, a companhia viu-se abarrotada de pacientes contaminados. O primeiro óbito em território nacional foi registrado na unidade Sancta Maggiore, em São Paulo: um homem de 62 anos com histórico de diabetes, hipertensão e hiperplasia prostática. Era apenas o começo do pesadelo. No fim do mesmo mês, a empresa já acumulava 61 mortes, o equivalente a 30% do total de vítimas fatais por coronavírus no país. O Ministério Público e a vigilância sanitária abriram investigações sobre o caso e, durante uma coletiva de imprensa, o então Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, bateu duro na empresa, insinuando negligência. Para coroar a fase crítica, a mãe dos donos da Prevent acabou sendo intubada em um dos hospitais da rede devido a complicações causadas pela Covid-19. Diante de um caso tão grave de enfermidade nos negócios, a recuperação parecia improvável.

Passados pouco mais de quatro meses, no entanto, a Prevent, depois de ser cruelmente vilanizada, exibe sinais de vitalidade, acima até da média das companhias do seu setor, duramente atingidas pela crise. Somente entre maio e junho, os planos de saúde contabilizaram a saída de quase 300 000 associados, sendo a maior parte desse grupo formada por pessoas que perderam o emprego e passaram a depender da rede pública. Enquanto isso, a Prevent aumentou em 15% o número de clientes durante a pandemia. Na esfera judicial, as investigações contra a empresa não deram em nada, e o alastramento da calamidade pelo país ajudou a tirar o foco da companhia. De março a julho, os hospitais da rede registraram 673 mortes pela doença, ou menos de 1% dos óbitos do país no mesmo período. “Fomos vítimas de interesses políticos, era mais fácil bater na nossa empresa do que ter um plano de ação”, diz Fernando Parrillo, CEO e que divide a direção da companhia com o irmão, Eduardo. “Como o nosso foco é a terceira idade, naquele momento inicial foi natural concentrarmos muitos pacientes.” Outro motivo de alívio: Maria Aparecida, de 75 anos, mãe dos donos, depois de passar três semanas intubada por Covid-19, venceu a doença.

DIAGNÓSTICO - O CEO Fernando Parrillo: “Era mais fácil bater na empresa” – (Germano Lüders/VEJA)

Do ponto de vista dos números financeiros, o saldo do ano que começou trágico para a Prevent será bastante positivo. Durante a pandemia, a empresa criou ao todo 4 613 empregos e vai investir 350 milhões de reais na construção de quatro novos hospitais em São Paulo e parcerias com clínicas do Rio de Janeiro e de Curitiba. O faturamento de 2020 deve ser 20% maior que o do ano passado, de 3,5 bilhões de reais. A Prevent deixou para trás a posição de epicentro de problemas do coronavírus, mas é verdade também que contabilizar centenas de mortes em um curto período de tempo está longe de ser um resultado a ser comemorado, mesmo se levando em conta a especialização no atendimento a pacientes com idade mais avançada. A título de comparação, os hospitais Sírio-­Libanês e Albert Einstein registraram 30 e 57 óbitos por Covid-19 entre março e julho, respectivamente.

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Chama atenção ainda o fato de a Prevent ter se tornado uma das principais porta-vozes dos benefícios da polêmica hidroxicloroquina. Embora a OMS e muitos outros especialistas tenham chegado à conclusão de que o medicamento não traz nenhum benefício diante do ataque desse vírus, a rede prescreve a droga para qualquer pessoa que relate sintomas de Covid-19 em uma das 5 000 teleconsultas feitas por celular todo mês. Uma caixinha do remédio e algumas vitaminas são enviadas à casa do paciente, no que tem sido chamado de “kit Covid”. “Entre os dias zero e três da contaminação, a cloroquina evita a internação em 95% dos caos”, diz Pedro Benedito Batista Jr., diretor médico da Prevent Senior. Por uma série de falhas técnicas e omissões, uma pesquisa da Prevent sobre a eficácia desse tipo de tratamento foi cancelada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. A empresa não recorreu da decisão e decidiu deixar de lado o assunto. A cota de problemas no ano já estava estourada.

Publicado em VEJA de 12 de agosto de 2020, edição nº 2699

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