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Preenchimento facial: com a popularização, surgem novos riscos

Entre esses milhões de procedimentos, minimamente invasivos, a maioria é realizada de forma segura e efetiva, com poucos efeitos colaterais

Por Da Redação
Atualizado em 27 dez 2017, 18h50 - Publicado em 27 dez 2017, 18h34

Os preenchedores injetáveis, feitos de substâncias como ácido hialurônico e colágeno, famosos por dar volume aos lábios ou preencher rugas, estão aumentando em popularidade em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o número desses procedimentos passou de 1,8 milhão em 2010 para 2,6 milhões em 2016, de acordo com dados da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos. No Brasil não é diferente. Segundo o Censo 2016 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos últimos dois anos, a procura por procedimentos estéticos não cirúrgicos, incluindo o preenchimento, aumentou 390%.

Entre esses milhões de procedimentos, que são minimamente invasivos, a maioria é realizada de forma segura e efetiva, com poucos efeitos colaterais. Ainda assim, com o aumento da popularidade, também sobe o número de complicações, de acordo com informações da rede americana CNN. Um artigo publicado na quinta-feira no periódico científico JAMA Facial Plastic Surgery ressalta as complicações comuns e raras associadas com preenchedores, incluindo processos legais, nos Estados Unidos.

“O artigo demonstrou que os preenchedores são muito seguros e que as complicações mais comuns são inchaço e infecção, que são complicações relativamente benignas, sem efeitos colaterais permanentes”, disse Hani Rayess, residente em otorrinolaringologia na Universidade Wayne State e principal autor do estudo, à CNN.

Por outro lado, cegueira é uma complicação extremamente rara que foi mais notificada nos últimos anos. “Essa pesquisa é importante porque os preenchedores estão sendo cada vez mais usados para o rejuvenescimento facial. É importante que os pacientes entendam os riscos, as alternativas e os benefícios antes do procedimento”, afirmou Rayess.

Riscos baixos

No estudo, os pesquisadores analisaram eventos adversos associados a preenchimentos relatados no banco de dados do consumidor e do fabricante da FDA, agência americana que regula alimentos e medicamentos, entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2016. Eles analisaram também dados da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos para estimar o número total de injeções de preenchimento realizadas durante esse período, e analisaram os registros judiciais relacionados a problemas com preenchimentos da base de dados Westlaw Next Database.

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Os resultados mostraram que nesse período, foram identificados 1.748 eventos adversos envolvendo danos devido a preenchimento entre 2014 e 2016 e nove processos sobre o assunto. As complicações mais comuns foram inchaço, infecção, presença de nódulo ou caroço e dor. Muitos casos (43%) foram provenientes de injeções nas bochechas e 30% nos lábios. “O inchaço compreendeu cerca de 0,01% de todas as injeções”, disse Rayess.

Casos mais graves, como cegueira, foram associados a apenas seis procedimentos, a maioria realizado no nariz – preenchedores são usados para alterar a forma do nariz sem a necessidade de cirurgia. Globalmente o fenômeno também é raro. Um estudo publicado ano passado no periódico The Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology mostrou que apenas cerca de 50 casos de cegueira após injeções estéticas faciais foram relatados até hoje no mundo.

Mas, afinal, qual é a conexão entre o nariz e o olho que poderia levar a uma complicação tão grave? “As veias ao redor do olho e do nariz tendem a ser mais perigosas porque estão em continuidade com as veias atrás da retina e do olho”, explicou Daniel Maman, cirurgião plástico em Nova York, que não estava envolvido no estudo, à CNN.

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É preciso ressaltar que o estudo apresentou algumas limitações, como o fato dos dados do número total de procedimentos terem sido baseados em pesquisas da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos e terem sido extrapolados para produzir o número total de injeções e que a base de dados da FDA pode ser sub-notificado.

“Eventos adversos deveriam ser relatados à FDA, então é bom usar sua base de dados para analisar quais complicações foram relatadas dessa forma. Dito isso, é limitada pelo fato de que tais relatos são voluntários e podem não ser tão completos quando gostaríamos.”, disse Clark Schierle, diretor de cirurgia estética da Northwestern Specialists in Plastic Surgery, à CNN.

Profissionais qualificados

Uma preocupação entre os especialistas é o fato de um grande número de profissionais não treinados em cirurgia plástica realizarem o procedimento. “O problema [dos profissionais não treinados] é que eles estão injetando substâncias embaixo da pele em uma área que eles não tem a menor ideia da anatomia. Quando um cirurgião plástico ou alguém treinado para fazer isso injeta o material, nós sabemos exatamente em qual camada estamos fazendo isso, sabemos onde estão os nervos, sabemos onde estão as possíveis armadilhas e as veias perigosas”, explicou Maman. Por isso, é importante saber se o profissional procurado é qualificado.

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Preenchimento caseiro

Sobre os quites caseiros de de preenchimento labial – sim, isso existe e já está disponível no Reino Unido e no Canadá – , a tendência é “muito perigosa”. “Os riscos potenciais incluem infecção, deformidade, cegueira e até morte. É importante procurar um profissional qualificado que tenha um extenso conhecimento na anatomia local e saiba tratar as possíveis complicações”., afirma o médico.

 

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