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Por que tem tanta farmácia no Brasil?

A pedido de VEJA, consultor independente analisa crescimento das drogarias pelo país e o que elas poderão oferecer em um novo ecossistema de saúde

Por Cesar Bentim*
Atualizado em 2 jun 2025, 18h14 - Publicado em 2 jun 2025, 16h00

“Tem farmácia em toda esquina.” A frase, muitas vezes dita com estranhamento, esconde uma pergunta que vale a pena ser feita com mais cuidado: será mesmo um excesso ou estamos diante de uma resposta concreta à demanda crescente por saúde acessível?

O Brasil vive um duplo movimento: de um lado, uma população que envelhece e precisa de acompanhamento mais frequente; de outro, um sistema público e privado que seguem sobrecarregados. Nesse cenário, a presença crescente das farmácias não é um capricho comercial — é parte de uma nova realidade do ecossistema de saúde.

Enquanto alguns municípios ainda não contam com uma Unidade Básica de Saúde (UBS), a maioria já dispõe de farmácias como ponto de contato e orientação para o cidadão. Segundo dados disponíveis, temos hoje uma farmácia para cada 2 211 brasileiros — praticamente o dobro da relação de UBS por habitante.

Mais do que estatística fria, isso mostra proximidade, capilaridade e aponta uma oportunidade. De fato, o segmento de farmácias cresceu nos últimos anos. Somando as grandes redes, as associações e as drogarias independentes, temos 93 500 unidades espalhadas pelo Brasil em 2025.

Mas não se trata apenas de estar perto. Trata-se de estar presente.

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A concorrência entre grandes redes, associativismo estruturado e até farmácias independentes tem elevado o padrão de serviço: os preços ficam mais competitivos, é verdade. Mas vai além: é preciso aprimorar o atendimento, apostar em tecnologias, ampliar a oferta de produtos, personalizar a assistência.

Já assistimos a esse movimento, com a ampliação dos serviços disponíveis, sobretudo as vacinas e os testes rápidos. A farmácia bem estruturada pode acolher, orientar, acompanhar e contribuir. Ainda mais na era digital.

Pode reparar: o paciente não vai ao consultório toda semana. Mas à farmácia vai.

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Esse contato frequente, somado à confiança no profissional farmacêutico, permite um cuidado contínuo que pode evitar agravamentos, apoiar a adesão médica quanto ao tratamento e assim reduzir a sobrecarga do sistema de saúde. Sobretudo em locais carentes de assistência.

É verdade que ainda há um caminho a percorrer. O modelo de farmácia como “hub de saúde” está em construção. Exige amadurecimento, integração ao ecossistema, sustentabilidade financeira. Mas os primeiros passos já foram dados — com diretrizes claras e potencial evidente.

O assunto ganha relevância se pensarmos que medicamento não é mercadoria comum. Não pode e não deve ser, independente de sua classificação regulatória e sanitária ou se é tarjado ou não.

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É preciso orientação qualificada. Vender remédio exige preparo técnico, ético e regulatório. Farmácia é, por lei e por vocação, um estabelecimento de saúde.

Se, em algum momento, o número de farmácias ultrapassar a medida do razoável, o próprio mercado se encarregará de ajustar. A concorrência acirrada filtra o que não se sustenta: permanece quem entrega valor.

Por isso, mais do que discutir se há farmácia demais, talvez devêssemos compreender o fato de que o acesso a saúde está chegando mais perto, mais rápido e, se for bem conduzido, cada vez melhor.

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* Cesar Bentim é consultor independente no mercado farmacêutico e sócio-fundador da Artegist

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