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Por que o abuso de antibióticos em animais é uma ameaça à saúde

O abuso de medicamentos na agropecuária e na veterinária favorece o surgimento das superbactérias em animais e isso pode colocar a saúde humana em risco

Por Da Redação
Atualizado em 20 out 2017, 19h07 - Publicado em 20 out 2017, 11h55

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório alertando sobre a falta de antibióticos capazes de combater superbactérias e que novos medicamentos precisam ser desenvolvidos para combater infecções resistentes. No entanto, essa situação não compreende apenas os humanos, como também os animais.

De acordo com Belén Crespo, diretora da Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários, conforme acordo feito com o setor de suínos do país, o uso irresponsável da colistina – antibiótico de última linha contra micróbios multirresistentes – por criadores, que a utilizam para prevenir infecções e promover o crescimento de porcos em larga escala, pode ser a razão do surgimento de resistências associadas ao fármaco.

Segundo informações do El País, um relatório sobre resistências bacterianas, elaborado pelo governo britânico, revelou que em 2050 mais pessoas morrerão por infecções de superbactérias, imunes aos antibióticos existentes, do que de câncer (8,2 milhões de mortes) ou de acidentes de trânsito (1,2 milhão). Essa previsão se deve ao uso indiscriminado dos medicamentos disponíveis atualmente, tanto por médicos quanto por veterinários.

Agropecuária

A colistina é um dos antibióticos mais potentes, com atuação em infecções bacterianas letais, principalmente em animais. No entanto, já começam a aparecer resistências ao medicamento. Em maio, uma americana foi a primeira pessoa infectada com uma mutação da bactéria Escherichia coli, que se mostrou resistente ao tratamento.

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Segundo a OMS, a letalidade dessas novas cepas é superior a 50%, algo similar ao último surto de ebola. Pelo fato de a resistência estar associada à utilização do antibiótico, como profilaxia em criação de animais, a organização é favorável à proibição do método.

Animais pequenos

Outros grandes responsáveis pela situação são os próprios laboratórios e clínicas veterinárias. Segundo o veterinário Salvador Cervantes, do Grupo de Estudo de Medicina Felina na Espanha, existe uma pressão da indústria farmacêutica pela prescrição de antibióticos, até mesmo para animais de pequeno porte.

Além dos laboratórios, existe a pressão dos donos de animais e clínicas veterinárias, seja por ignorância ou pelo lucro. Para Pilar Ramón, assessora da OMS, o uso desses medicamentos precisa ser responsável e os especialistas devem resistir aos incentivos da indústria para prescrevê-los quando não são indicados.

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