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Poluição do ar mais que dobra os casos de dermatite atópica, revela estudo

Partículas finas podem ultrapassam defesas naturais da pele, desencadeando inflamações e agravando doença na pele mesmo em indivíduos saudáveis

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 nov 2024, 16h08

Um estudo realizado nos Estados Unidos com mais de 280 mil pessoas revelou uma relação preocupante entre a poluição do ar e o aumento dos casos de dermatite atópica — ou eczema — na sua forma mais comum. Publicada na revista científica PLOS ONE, a pesquisa mostrou que áreas com níveis mais altos de partículas poluentes finas, conhecidas como PM2.5, registraram taxas da doença mais de duas vezes superiores às de regiões menos poluídas.

As partículas PM2.5, emitidas principalmente por veículos e indústrias, são tão pequenas que podem atravessar as barreiras naturais da pele e adentrar profundamente no corpo. Essa exposição pode causar inflamações que agravam a dermatite atópica — uma doença caracterizada por pele seca, vermelhidão, coceira intensa e, em casos mais graves, feridas. O estudo demonstrou que, mesmo ajustando fatores como tabagismo, condições alérgicas e características demográficas, a exposição às PM2.5 manteve uma relação direta e significativa com o aumento dos casos dessa condição de pele.

De acordo com os pesquisadores, a poluição não apenas agrava condições pré-existentes, mas pode desencadear o eczema em pessoas saudáveis. Isso ocorre porque as partículas finas ativam o sistema imunológico e provocam danos inflamatórios na barreira protetora da pele. Regiões com maior densidade populacional e níveis mais elevados de poluição foram as mais impactadas, indicando um risco maior para quem vive em centros urbanos.

Descobertas e impactos do estudo

A pesquisa utilizou dados do programa “All of Us Research”, um projeto que coleta informações de saúde de participantes de diversas origens étnicas e socioeconômicas nos Estados Unidos. Os registros médicos dessas pessoas foram cruzados com medições de poluição realizadas em 788 localidades, abrangendo áreas urbanas e rurais. Os resultados revelaram que, nas regiões mais poluídas, os casos de dermatite atópica eram significativamente mais frequentes.

Os cientistas também observaram que condições alérgicas, como asma, rinite e alergias alimentares, aumentam ainda mais a vulnerabilidade ao eczema. Pessoas com essas condições, quando expostas à poluição do ar, apresentam maior probabilidade de desenvolver a doença ou sofrer com sintomas mais graves. No entanto, o estudo destacou que, mesmo em indivíduos sem essas condições, a poluição continua sendo um fator de risco importante.

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Outro ponto relevante foi a confirmação de que o impacto da poluição não está restrito ao sistema respiratório, mas afeta diretamente a saúde da pele. Essa descoberta amplia a compreensão sobre os danos causados pela poluição do ar e ressalta a urgência de medidas para mitigar esses efeitos.

Implicações para a saúde pública

Os autores do estudo reforçam que os resultados são um alerta para governos e autoridades de saúde. A implementação de políticas mais rigorosas para reduzir os níveis de poluição pode ter um impacto direto na diminuição dos casos de dermatite atópica, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. Além disso, a pesquisa sugere medidas práticas para proteger a população, como evitar atividades ao ar livre em dias de alta poluição, usar roupas que cubram a pele e investir em sistemas de filtragem de ar em ambientes internos.

Embora o estudo tenha se concentrado nos Estados Unidos, suas conclusões têm implicações globais. Pesquisas anteriores realizadas em países como Alemanha, Taiwan e Austrália também identificaram forte associação entre a poluição do ar e doenças de pele. Esses achados reforçam que o problema não é isolado e pode estar contribuindo para o aumento global nos casos da doença, especialmente em regiões industrializadas.

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