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‘Pílula do câncer’: Anvisa alerta que produto não trata a doença

Fosfoetanolamina sintética causou alarde em 2015, mas não tem eficácia comprovada e não pode ser vendida como remédio nem suplemento

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 jul 2024, 12h20

Responsável por uma onda de desinformação em saúde nos idos de 2015, quando os supostos benefícios da “pílula do câncer” foram alardeados, a fosfoetanolamina sintética ressurgiu em divulgações na internet e fez com a que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) soltasse um alerta nesta terça-feira, 23, para avisar que a substância não tem registro para uso no Brasil e não pode ser comercializada como medicamento nem como suplemento.

Em nota, a agência destacou os riscos do uso de substâncias que não são registradas, principalmente em uma doença tão grave e que demanda tratamentos seguros e eficazes.

“Esses produtos podem interferir negativamente nos tratamentos convencionais, além de apresentar riscos de contaminação. É fundamental que os pacientes não abandonem tratamentos médicos estabelecidos para utilizar terapias não autorizadas e de eficácia desconhecida, como é o caso da fosfoetanolamina.”

A Anvisa disse que propagandas enganosas têm sido divulgadas nas redes sociais atribuindo benefícios da “pílula do câncer” para combater tumores. No entanto, como pesquisas já comprovaram, a substância não apresenta benefícios para o tratamento da doença.

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Como não possui registro para uso como remédio ou suplemento alimentar, o termo fosfoetanolamina está na lista de buscas de Exclusão de Produtos Irregulares da Internet (Epinet), ferramenta criada em 2021 que já registrou 57 incidentes relacionados ao produto, segundo a agência, que informou ainda que a taxa de sucesso na retirada da “pílula do câncer” do mercado virtual é de 97,73%.

Mesmo assim, uma rápida pesquisa na internet exibe opções das cápsulas com preços que variam entre R$ 259 e R$ 659,99. Uma delas, que ostenta o nome do criador da fórmula, o professor de Química já falecido Gilberto Chierice, está hospedada em domínio americano e com valores em dólares, embora o site esteja em português.

Relembre o que era a “pílula do câncer”

O químico Gilberto Orivaldo Chierice, que atuou no Instituto de Química da USP de São Carlos, iniciou os estudos com a fosfoetanolamina nos anos 1990, mas foi em 2015 que ela se tornou conhecida nacionalmente. Ela passou a ser divulgada entre pacientes e a procura aumentou no ano de 2014. Como era algo experimental, a USP proibiu a produção em seus laboratórios sem registro, o que desencadeou protestos nas redes sociais.

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A comoção causada por pacientes que buscavam uma alternativa para vencer a doença foi tão grande que entrou em debate no Senado em 2015 e um grupo de trabalho foi criado no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para análise da segurança e eficácia do produto.

A fosfoetanolamina passou a ser investigada no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), mas o estudo foi interrompido por falta de evidências.
Mesmo assim, sob pressão popular e política, chegou a ser aprovada com droga anticâncer em abril de 2016. Um projeto de lei aprovado no Congresso e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff, entretanto, a lei foi suspensa no mês seguinte por decisão do Superior Tribunal Federal (STF). /COM AGÊNCIA SENADO E JORNAL DA UNICAMP

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