Pesquisa mostra impactos do endividamento na saúde mental do brasileiro
Encomendado pela Serasa, estudo revela que 83% dos endividados sofrem de insônia por causa das dívidas e 74% têm dificuldade de se concentrar
De acordo com o último levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o número de famílias endividadas atingiu, em setembro deste ano, 79,3% do total de lares no país. A situação é preocupante, não somente pelo impacto financeiro, mas pelos estragos emocionais e abalos nas relações pessoais e familiares causados pelas dívidas. A quinta edição da Pesquisa “Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro”, encomendada pela Serasa, quantifica justamente esse problema.
Produzido pelo Instituto Opinion Box, o estudo mostra que 83% dos endividados sofrem de insônia por causa das dívidas e 74% têm dificuldade para se concentrar. A pesquisa ouviu 5.225 pessoas em todas as regiões do país para trazer um cenário psicológico preocupante: 78% têm surtos de pensamentos negativos devido aos débitos vencidos e 61% viveram ou vivem sensação de “crise e ansiedade” ao pensar nas dívidas.
“O sistema biológico é o primeiro a sentir os efeitos da preocupação com as dívidas”, observa Valéria Meirelles, que proveu o suporte técnico e análise para o estudo e, há 14 anos, atende pacientes que tentam lidar com o problema. “A ansiedade vai invadindo a rotina de quem busca incansavelmente uma solução, o endividado passa a viver com pensamentos voltados ao futuro, não consegue mais relaxar e, consequentemente, não se concentra nas suas tarefas habituais nem consegue mais dormir com normalidade”, explica a psicóloga.
Nota-se também que 57% dos brasileiros endividados conversam com os membros familiares sobre a importância de reduzir os gastos gerais da casa. Para Meirelles, é importante a inclusão de toda a família como protagonista no uso do dinheiro e dos recursos, pois essa atitude incentiva a responsabilidade coletiva. “Gosto de considerar a família como uma ‘tutora de resiliência’, um núcleo capaz de produzir uma blindagem emocional na pessoa afetada pelo endividamento.” E, de fato, mesmo que 51% dos respondentes tenham confessado sentir vergonha de si mesmo, a maioria confiou na família para revelar sobre a difícil situação financeira ou a respeito de uma dívida específica.
Entretanto, as dívidas podem afetar seu relacionamento com sua família e até causar briga de casais. Segundo Meirelles, quando uma pessoa está tomada pela preocupação com as dívidas, principalmente aquelas que privam de alguns confortos, ela pode ter dois tipos extremos de comportamento: “Se afastar e se isolar ou conviver, mas com irritabilidade, o que pode levar a discussões e, em casos mais graves, à violência doméstica”. Em casais, podem existir acusações de incompetência ou falha na decisão que levou ao endividamento. Tanto que muitos divórcios acontecem “em razão de questões financeiras, de má gestão de recursos por parte de um dos cônjuges ou até de ambos”, indica a psicóloga.
Esperança
O estudo, contudo, aponta luz no fim do túnel e revela que 88% das pessoas do estudo dizem que passaram a fazer algum tipo de controle de gastos. Em meio aos impactos comportamentais gerados pela inadimplência, também chama a atenção que 70% dos endividados revelam confiança em conseguir quitar o débito e recuperar seu crédito.
“Para milhões de endividados, recomeçar significa ter o nome limpo novamente”, diz Matheus Moura, diretor da Serasa. “Por isso que o nosso propósito é ajudar o brasileiro não apenas a pagar suas dívidas e recuperar crédito, mas compartilhar ensinamentos de educação financeira”, complementa.
Até 5 de dezembro é possível renegociar as dívidas no Feirão Serasa Limpa Nome por meio dos canais digitais da empresa. Com o objetivo de conter um novo recorde de inadimplência, o tradicional feirão da empresa traz um conjunto de novidades, como a possibilidade do pagamento via Pix e da baixa da negativação em até 24 horas, além dos descontos que chegam a 99%.
De acordo com dados do Serasa Experian, em setembro o país contava com 68,39 milhões de inadimplentes.