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Paulo Gustavo: asma não é considerada fator de risco para Covid-19

O ator expressou sua preocupação com a doença por ter problema respiratório

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 Maio 2021, 19h59 - Publicado em 5 Maio 2021, 19h50

O humorista, apresentador, ator e roteirista Paulo Gustavo morreu na terça-feira, 4, em decorrência da Covid-19, após mais de 40 dias internado. O artista tinha apenas 42 anos e nenhuma comorbidade. Durante a quarentena, antes de se infectar, Paulo Gustavo disse que tinha medo da Covid-19 por ter uma doença respiratória.

“Eu tenho problema respiratório. […] Cada hora, você vê uma notícia nova. Tenho medo de pegar isso”, disse em entrevista à Ingrid Guimarães, na sétima temporada do programa Além da Conta.

O ator tinha asma leve e controlada, caracterizada por crises esporádicas, o que, segundo especialistas ouvidos por VEJA, não é considerado um fator de risco para a doença. Entretanto, a asma grave, em especial quando não tratada, pode agravar a Covid-19, em especial em pessoas mais velhas.

“A asma leve e bem controlada não é fator de risco para a Covid-19 grave. Há algumas evidências de agências que falam da asma moderada e grave como fator de risco para hospitalização e morte por Covi-19. Além disso, entre os pacientes asmáticos, os que têm risco de ter doenças mais graves são os mais velhos e com comorbidades. Mas isso é próximo da população em geral, não parece ser exclusivo da asma”, diz o infectologista e especialista em saúde pública, Gerson Salvador.

A asma é uma doença crônica inflamatória que aumenta o risco de infecções respiratórias, como a gripe. Por isso, no início da pandemia acreditava-se que ela também seria um fator de risco importante para a Covid-19. O que não foi confirmado até hoje. “Não tenho visto casos graves de Covid-19 em pessoas com asma e mesmo na literatura, hoje, a asma não é considerada um fator de risco importante para a doença”, diz o pneumologista Elie Fiss, professor titular de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC e coordenador do Centro de Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

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Em uma revisão de estudos sobre o assunto, a Organização Mundial da Saúde (OMS), diz que ainda não está claro “se a asma aumenta o risco de infecção ou resultados graves da Covid-19”.  “As revisões sistemáticas não detectam um claro aumento no risco”, conclui o documento.

Uma orientação produzida pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) em conjunto com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) sobre asma durante a pandemia também afirma que a doença por si só não está associada a a piores desfechos de Covid-19, a não ser nos casos mais graves.

Ainda não se sabe por que a asma agrava infecções por influenza, o vírus causador da gripe, mas não pelo novo coronavírus. De acordo com o pneumologista Elie Fiss, as principais hipóteses para explicar o fenômeno incluem a possibilidade da inflamação pulmonar causada pela asma alterar o receptor ECA1, usado pelo coronavírus para invadir a célula, de forma a impedir a entrada do vírus, e o próprio tratamento da doença em si, que pode proteger contra a Covid-19.

Mas essas são apenas hipóteses, ainda não há nada confirmado. Por outro lado, o que está cada vez mais claro entre especialistas é que mesmo pessoas jovens e saudáveis podem desenvolver quadros graves de Covid-19 e morrer em decorrência da doença. “Na minha experiência, a asma não está se concretizando como um fator de risco para a Covid-19. Talvez até o contrário. Em compensação, temos visto um número cada vez maior de pacientes jovens e sem comorbidades com Covid-19 grave e não sabemos o porquê disso”, diz o pneumologista.

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